quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Audiência x Qualidade no rádio


A partir de 1º de janeiro empresários da comunicação que têm rádio AM poderão requerer junto ao ministério das comunicações a mudança para a frequência FM. Isso só vai ocorrer completamente dentro de oito meses a um ano por necessidades técnicas de montagem de rede de transmissão no país, com dificuldade em SP e RJ por terem esses estados suas redes saturadas.

Isso vai gerar uma melhoria na qualidade do sinal das AMs. Até aí nada de mal. Ao entendermos que uma melhor qualidade de transmissão vai gerar concorrência maior no mercado e que atualmente a programação das AMs são bem melhor que as FMs por conta da briga pela audiência (vale qualquer merda-90% da audiência pertence as FMs no Brasil) perguntar não ofende: Essa mudança de faixa vai manter a qualidade na programação ou ainda o que resta de bom conteúdo vai morrer de vez ao ceder para o mercado publicitário?

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Adeus Rossi!


O garçom já não escuta mais lamentações na mesa de bar. A raposa não está mais com as uvas. Itamaracá já não tem tanto encanto assim. O brega ficou doidão. Tudo porque faleceu por volta das 10h desta sexta-feira (20), o pernambucano Reginaldo Rossi.

O cantor, de 69 anos, não resistiu a um câncer de pulmão. Estava internado no Hospital Memorial São José, no Recife, desde o dia 27 de novembro, quando sentiu dores no peito. Dessa vez, entretanto, a dor não era de amor, como as músicas dele espalhavam. Após ser diagnosticado com câncer, chegou a fazer quimioterapia, mas não resistiu.

O brega está de luto. Só nos resta lembrar com muita saudade daquele bailinho.

Rossi hoje se junta a outros reis pernambucanos da musica: Bezerra da Silva, Luiz Gonzaga, Chico Science e Dominguinhos.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Futebol brasileiro crucificado

Foto: Franklin Freitas/Estadão
Futebol brasileiro crucificado. As milícias mandam no esporte do país da copa, que vai ser maqueada o tempo todo como se estivesse tudo bem.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Opressão social no trânsito

A questão financeira tornou-se preponderante em detrimento da vida e até certo ponto vem promovendo a opressão.

Outro dia eu estava perto do Shopping Midway Mall, em Natal, quando num certo cruzamento uma colisão entre um carrão e um carro velho aconteceu. O primeiro estava todo errado, entrou de uma vez em uma via coletora de baixo movimento vindo da Bernardo Vieira em alta velocidade.

Acontece que os dois desceram dos seus respectivos veículos e quando eu e outros curiosos esperavam um diálogo entre as partes tivemos uma surpresa. O cara do carrão já foi chamando o outro de imbecil, sacou um celular de alta tecnologia para tirar fotos da placa de outro carro e os danos do seu (somente do seu), voltou para o seu carro e disparou: "você tá fodido"!

Em meio a toda essa ação e ameaça o rapaz humilde nem abriu a boca. Não teve tempo.

domingo, 16 de junho de 2013

Poema de Dilma


Fui torturada na ditadura por ele
Choro ao lembrar
Mas os interesses do torturador
Também são meus chego a pensar

Ele presidente da CBF
Eu presidente do Brasil
Quem acredita em política
Sinto muito, é muito infantil

Vaias a Dilma não mudam em nada a política no país

As vaias que a presidente do Brasil Dilma Roussef levou na abertura da Copa das Confederações em Brasília não representa muita coisa no âmbito local. Vale lembrar que quem estava no estádio Mané Garrincha era a classe média, que realmente não gosta dela, nem do PT, visto que tinha ingressos individuais custando R$ 600 ali.

Portanto, nada de espanto. Nada de surpresa com o fato. A preocupação existiria se as vaias tivessem sido proferidas pelo povão que recebe o Bolsa Família, o que passou longe de ser. Foi a minoria escolarizada que protestou antes e durante o evento contra o mesmo em detrimento de educação e saúde para o país. Mas peraí: durante o evento? Isso mesmo, a classe média brasileira é hipócrita o suficiente para protestar, mas com ingresso na mão para ir ao jogo.
Constrangimento mesmo só o fato da presença de todo comitê da FIFA no momento, que pediu, em nome de seu presidente, Joseph Blatter, "respeito" e "fair play" aos participantes da festa e o fato de transmissão do evento para o mundo todo, que agora sabe que Dilma não é tão intocável assim no Brasil. Ela envergonhada com a ação vista mundo afora pediu para começar logo o jogo.

Quem tenta maximizar o fato ocorrido é a mídia, que de forma oportunista cita hoje (16) as vaias em capas de jornal e desenvolvimento de seus raciocínios nas reportagens, tentando atingir a massa ao falar de forma exausta que a popularidade de Dilma está em cheque. Será mesmo? Só se for lá fora.

Lembremos que em 2007, na abertura dos Jogos Pan-Americanos, realizados no Rio de Janeiro, o então presidente Lula também recebeu uma sonora vaia na abertura do evento. Um ano depois ele foi reeleito. Não esqueçamos que o voto é por cabeça e a maioria recebe incentivos do governo. A realidade é essa.


Conexão Repórter mostra como a máfia do futebol funciona no Brasil


quinta-feira, 13 de junho de 2013

A crise do mercado

Apesar do título do post não vou me aventurar naquelas teorias econômicas chatas. Vou me referir a crise ideológica ao assunto em questão que tenta vender mais para seu consumidor.

Os donos de comércio no Brasil não sabem o que fazer para vender mais, não por falta de temas que possam mentir para as pessoas só para aquecer o mercado, mas pelo excesso dessas ilusões.

Atualmente o Brasil está vivendo o clima das festas juninas e Copa das Confederações, disputada no país. Não raro é você passar por uma loja cheia de bandeirinhas de São João e em outra pintada de verde e amarelo fazendo referência a moda do futebol. Pior é a mesma loja uma semana com a temática de São João e na outra já sobre Copa. Desespero total! Que tal bandeirinhas verde e amarelas?


terça-feira, 12 de março de 2013

Torcida Organizada no Brasil é coisa de imbecil

Para você que acha que sua torcida organizada de merda tem motivos para a violência.

Celtic x Rangers na Escócia. Rivalidade mais antiga do mundo, clássico escocês é marcado por violência generalizada. Motivado por embates político e religioso, dérbi custuma gerar brigas entre jogadores, treinadores e torcedores. Autoridades estão preocupadas.

Torcida do Rangers na entrada do Celtic em campo - "fuck the pap" (foda-se o papa).

Torcida do Celtic na entrada do rival diz mais ou menos o seguinte: cortaremos as suas cabeças, abriremos suas barrigas e dançaremos com o sangue nas canelas.

Da pra tu?

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A Arte de pôr as mãos no bolso


Por Fabrício Carpinejar

Sensualidade é elegância. Temos como parâmetro afrodisíaco a mulher que usa vestido, decote, que mostra as virilhas e os seios. É a imagem praiana, tropical, sestrosa. A clássica cena latina, da modelo voluptuosa, transbordante, oferecida, rebolando sem parar e, claro, de bunda avantajada.

Não é isso que me interessa. Chupar os dedos e descruzar as pernas tampouco paralisam meu olhar.

Também nunca fui fã da garota de Ipanema, ela não saiu da infância do sexo.

A discrição é que me excita. A discrição que é selvagem. A discrição é que oculta os poderes intuitivos. Um verdadeiro animal não se entrega de primeira.

Nada mais elegante (e sexy) do que uma mulher com calça de alfaiataria, de algodão, com corte apropriado e honesto.

É na calça que ela vai demonstrar toda sua cultura, temperamento e domínio de lugar.

É na hora de colocar as mãos no bolso.

Mulher que sabe colocar as mãos no bolso me desconcerta e me alucina.

Tem vocação de imperatriz. Não teme a masculinidade do traje. Não é afetada, não precisa apelar para a roupa colada, não promove nenhuma exibição gratuita das coxas.

A sobriedade é ainda um concurso insuperável de beleza. Ser bonita de saia é fácil. Vá colocar uma calça e atrair a rapaziada para compreender o que é empatia da pele.

Eu me apaixono na hora. Entrego o carro como entrada de apartamento, largo a estrada pela varanda.

Além de manter o mistério, ela venceu o maior desafio da aparência: pôr as mãos no bolso e não transpirar timidez, desconforto e confusão.

O bolso representa um desafio de intimidade. Uma prova de autenticidade.

É como preparar arroz. É simples, mas a maioria erra o ponto.

Eu até hoje não tenho prática. Amontoo os dedos, não relaxo, mexo as chaves, jogo um fla-flu com as moedas, coço o saco, fico tenso e ridículo. Quem me olha jura que faço pose, beiço, chantagem ou – pior – que estou apertado.

Mulheres que conseguem colocar belamente as mãos no bolso são decididas, transam maravilhosamente, não têm vergonha do corpo e do amor.

Não serão fantoches do trabalho, ou dos clichês.

O bolso é uma luva, o bolso é uma bolsinha de festa, o bolso é o avesso do mundo.

É previsível – não duvide – que elas vão terminar colocando seu homem no bolso.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Reciprocidade


Por Alceu Valença

Neste momento em que o frevo acaba de ser declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade, pela Unesco, os pernambucanos têm uma preciosa oportunidade de repensar sua relação com o principal gênero do nosso carnaval. Embora as manifestações populares pelo gênero sejam evidentes e insofismáveis, há motivos para nos preocuparmos com o futuro do frevo. Há tempos, venho batendo na mesma tecla sem que haja uma mobilização consistente sobre o tema. O frevo sumiu das programações da maioria da rádios - com honrosas e raríssimas exceções - no que pode ser considerado um verdadeiro atentado contra nossa identidade foliã mais visível e mais aclamada dentro e fora de Pernambuco.

As rádios são concessões públicas e, por sua vez, deveriam por lei zelar pela cultura brasileira. Em vez disso, infestam suas programações com música de má qualidade, estrangeira, comercial ou pasteurizada. Não aceito o argumento bobo e infantil de que "as rádios tocam o que o povo gosta", como se não houvesse um domínio, uma relação de superioridade entre os grandes monopólios da indústria do entretenimento e as imposições do capital e dos lucros industriais sobre suas programações. Caso não haja uma mudança de filosofia, os danos de hoje podem se estender por gerações. Os novos talentos se espelham em artistas consagrados, mas se determinado gênero não toca, eles se espelharão em estilos de qualidade precária que povoam os dials.

Na minha opinião, os artistas deveriam fazer uma vigília diante das rádios e exigir que o frevo volte a fazer parte de suas programações. Manifestações populares evidenciam que o povo pernambucano ama o frevo e quer que ele predomine no nosso carnaval. Por que será então que determinados meios de comunicação insistem em fechar os olhos para esta realidade e continuam a nos oferecer seu cardápio insosso, seu hambúrguer requentado com sabor de lixo cultural glamurizado?

Uma das maiores características do carnaval de Pernambuco é o ato de as pessoas fantasiarem-se nas ruas e nos bailes. Toda vez que me apresento no Baile Municipal fico emocionado ao ver as pessoas incorporadas em piratas, palhaços, papangus, pierrôs, colombinas e sinto a pernambucanidade aflorar de maneira contundente e arrebatadora em cada folião que canta comigo meu repertório carnavalesco de frevos, maracatus e cirandas. Entretanto, não suporto bailes onde as pessoas se comportam como outdoors ambulantes, fardadas de camisetas com a marca de algum patrocinador. Isso me causa dor.

Outro ponto que considero relevante nesta discussão é o que chamo de projeto reciprocidade. É notório que o nosso carnaval tem se mostrado demasiadamente generoso com artistas de todos os estilos e de diversas regiões do Brasil. A recíproca, no entanto, está longe de ser verdadeira. Proponho uma ação diplomática entre as secretarias de Cultura e Turismo dos estados e dos municípios, de modo que os artistas pernambucanos frequentem eventos de outros estados com a mesma assiduidade com que os artistas de todo Brasil vêm mostrar seus trabalhos por aqui. A cada vez que promissores nomes da nova cena musical brasileira venham formar público em Pernambuco, será de muito bom tom que os novos artistas pernambucanos tenham palco em outras praças - o que nem sempre acontece.

A mistura multicultural é uma proposta elogiável, mas é preciso que se analise direitinho para que os conceitos não se percam, culminando numa indesejável diluição da identidade artística e cultural de Pernambuco. A rigor, trata-se de uma reflexão que precisa ser estendida à própria cultura brasileira, formada atavicamente pela miscigenação entre diversos povos e culturas. Nossa matriz portuguesa, cuja influência é visível nas melodias dolentes de nossos frevos de bloco, é formada pela mistura das influências celtas, árabes e galegas. Fala-se muito em africanidade, mas esta atualmente tem de passar pelo soul americano (vide os trejeitos e afetações dos participantes de tantos programas de televisão), como se cantar com "alma" tenha que ser algo mais ligado ao espírito anglófono do que às próprias entidades africanas. Informo aos candidatos a cantores que a nossa alma não é soul e que existem voos diretos para Angola, sem precisar fazer escala no Bronx, no Harlem ou em Detroit. Os americanos sabem como ninguém valorizar sua cultura. Valorizemos a nossa.

Tenho utilizado constantemente as ferramentas das redes sociais e acredito que a internet possa representar uma mudança nestes novos paradigmas, uma vez que esta tem mais condições de se distanciar da manipulação do comércio, do dinheiro e do jabaculê que assolam as relações entre a cultura e a indústria de entretenimento pós-modernas. Como artista e pensador, me considero um ser planetário e sonho o dia em que teremos um mundo sem fronteiras, sem barreiras culturais ou econômicas. Mas enquanto elas existirem sou mais brasileiro e mais pernambucano.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Sem prazo para estrear, nova TV pernambucana vai priorizar produção local


"Ainda é muito cedo para estabelecer prazos e metas. Depois desta conquista, aguardada há mais de dois anos e meio, vamos trabalhar para oferecer uma programação de qualidade aos pernambucanos. O que posso adiantar é que a TV Pernambuco, além de uma equipe qualificada de jornalismo, dará prioridade à produção local e independente", afirmou o produtor cultural Roger de Renor e novo diretor de programação e conteúdo da Empresa Pernambucana de Comunicação (EPC). O decreto criando a EPC foi assinado nesta quarta-feira (23) pelo governador Eduardo Campos.

A partir de agora, EPC assume a TV Pernambuco (que na Região Metropolitana do Recife é transmitida pelo canal 46 (UHF) e em Caruaru, pelo 12). De acordo com o Governo do Estado, não será uma reformulação da emissora atual, e sim a criação de uma nova TV. Da TVPE serão herdadas o nome, a estrutura, as concessões públicas e as 60 repetidoras pelo Estado.

A diretoria da EPC foi criada por indicação, sendo encabeçada por pelo publicitário Guido Bianchi. A vice-presidência da EPC será assumida pelo jornalista Paulo Fradique, além de Roger de Renor como diretor de programação e conteúdo. O mandato dos membros da diretoria é de quatro anos, podendo ser renovado por mais quatro. Porém, de acordo com o decreto, os nomes poderão ser contestados pelo Conselho de Administração - ainda a ser implantado - que será formado por 13 membros, sendo seis indicados pelo governador, seis pela sociedade civil e um representante da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe).

Saiba Mais: Governo de Pernambuco é o primeiro da federação a criar uma TV pública - http://mundonacabeca.blogspot.com.br/2013/01/governo-de-pernambuco-e-o-primeiro-da.html

"A empresa já nasceu com autonomia e isso é importante porque possibilita a continuidade de um trabalho, independentemente de mudanças de governos", explicou Roger.

Sobre a programação, o produtor cultural informou que também buscará parcerias com a TV Universitária e TV Brasil (como já acontece) e pretende dar visibilidade às produções audiovisuais financiadas por programas como Funcultura.

Recursos

Ainda não foi decidido o valor e o formato dos repasses mensais do Governo do Estado para a EPC. Mas já se sabe que o investimento inicial é de R$ 25 milhões, que devem ser destinados para a recuperação das antenas por todo o Estado e recuperação das sedes de Caruaru e do Recife - esta última localizada na Conde da Boa Vista. "Pretendemos não depender exclusivamente dos recursos do Governo. A lei hoje permite que as emissoras públicas comercializem seus espaços para instituições privadas que desenvolvam campanhas de responsabilidade social. E a TV contará com um departamento para captar esses recursos", explicou.

Confira abaixo os canais da TVPE nos municípios do Estado

Belém de São Francisco 08
Cabrobó 02
Exu 20
Mirandiba 02
Ouricuri 03
Parnamirim 12
Petrolina 13
Salgueiro 09 (Serrita, Verdejante, Terra Nova,Cedro)
São José do Belmonte 07
Lagoa Grande 38
Santa Filomena (Vídeo) 11

Arcoverde 06
Afogados da Ingazeira 03
Buique 24
Custódia 08 (Flores, Carnaíba, Quixaba)
Floresta 05
Iguaracy 02
Ibimirim 06
São José do Egito 04 (Santa Terezinha, Brejinho, Itapetim)
Serra Talhada 10
Sertânia 12
Volta Moxotó 11 (é um distrito de Jatobá)
Betânia 04
Calumbi 10
Inajá 04
Itacuruba 04
Santa Cruz da Baixa Verde 07
Solidão 05
Tacaratu 13 (Caraibeira, Petrolândia)
Triunfo 08 (Jericó 13)
Itaíba 08

Caruaru 12 (Agrestina, Bezerros, Altinho, Venturino)
Surubim 54
Angelim 09
Garanhuns 13 (Paranatama)
Lagoa do Ouro 04

Alagoinha 06
Pesqueira 05
Santa Cruz do Capibaribe 10
Bonito 02
Catende 10
Salgadinho 10
Toritama 07
Brejo da Madre de Deus 11
Poção 5
Palmerina 53

Olinda 46 (Paulista, Jaboatão, Camaragige, Recife e São Lourenço da Mata)
Fernando de Noronha 07
Barreiros 24
Primavera 44
Vicência 41
Timbaúba 02
Escada 27
João Alfredo 05
Tamandaré 08
São Vicente Férrer 08
Ipojuca 07
Bom Jardim 36

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Governo de Pernambuco é o primeiro da federação a criar uma TV pública

Foto: Eduardo Braga

O Governador Eduardo Campos (PSB) assinou, nesta terça-feira (22), um decreto criando a Empresa Pernambucana de Comunicação (EPC). É uma iniciativa pioneira. O Governo de Pernambuco é o primeiro da federação a criar uma TV pública.

Pregando a valorização da diversidade da cena cultural de Pernambuco, o governador Eduardo Campos (PSB) disse que a EPC deve mostrar Pernambuco para o Brasil. "Precisamos destacar o papel de Pernambuco nos avanços históricos do Brasil", afirmou.

"Pernambuco hoje é o Estado mais premiado do cinema brasileiro porque criamos um fundo de cultura voltado só para o cinema. E a TV vai ajudar a abrir portas para as mentes criativas do estado."

"Este é um passo que o Brasil também tem que dar para o fortalecimento da democracia no país", defendeu o governador, que é cotado para se lançar á Presidência da República em 2014.

Nos próximos dias deve ser firmado um acordo de cooperação com a TV Universitária, onde devem ser aproveitados programas como o Pé Na Rua, Toda Música e o Cine PenDrive. Mas o objetivo é se dedicar à criação, uma programação independente.

Inicialmente um esqueleto simples, focado no jornalismo, mas sempre abordando a temática local. Na programação semanal estão garantidos 15% de conteúdo regional e 10% de conteúdo independente.
Guido Bianchi, diretor da EPC
A diretoria da EPC é nomeada por indicação. Ela será encabeçada pelo publicitário Guido Bianchi, pertencente aos quadros do PCdoB. "Mas sua indicação no foi política", argumenta o colega Marcelino Granja. "Ele tem uma história na TV, foi cabeça de uma grande agência de publicidade e entende muito de produção".

Bianchi lembra que a EPC não é uma transformação da TV Pernambuco, mas o nascimento de uma nova empresa. Da TVPE serão herdadas as concessões públicas e as 60 repetidoras pelo Estado. Como empresa que nasce, há ainda um período de implantação da sua estrutura.

A lentidão atrapalhou a criação da Empresa Pernambucana de Comunicação. A empresa pública, uma sociedade anônima de capital fechado, teve seu formato discutido durante quase 5 meses.

A vice-presidência da EPC será assumida pelo jornalista Paulo Fradique e o comunicador e produtor cultural Roger de Renor será o novo diretor de programação e conteúdo. O mandato dos membros da diretoria será de quatro anos, podendo ser renovado por iguais períodos e iniciando na data de constituição da EPC.

Se futuros diretores indicados pelo Governo tiverem seus nomes contestados, o Conselho pode dar um voto de desconfiança e obrigar o Governo do Estado a indicar um novo nome.

O Conselho de Administração - ainda a ser implantado - será formado por 13 membros. Seis membros serão indicados pelo governador, seis indicados pela sociedade civil e um representante da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe).
Comunicador e produtor cultural Roger de Renor
Roger de Renor destacou a importância do Conselho da EPC para qualidade da empresa, que não vai perder a continuidade dos trabalhos a cada mudança de gestão. "A maioria das empresas de comunicação pelo país não têm um Conselho. Quando muda o Governo, muda a diretoria toda", destacou. "A EPC é diferente, já nasce com um conselho". O mandato dos conselheiros será de um ano.

O secretário de Ciência e Tecnologia de Pernambuco, Marcelino Granja, afirmou que a empresa é pública. Uma sociedade anônima de capital fechado. De acordo com o secretário, a EPC poderá receber verba de publicidade, institucional ou não, e verba pública.

Ainda não foi decidido o valor e o formato dos repasses mensais do Governo do Estado para a EPC. Mas já se sabe que o investimento inicial é de R$ 25 milhões, que devem ser destinados para a recuperação das antenas por todo o Estado e recuperação das sedes de Caruaru e do Recife - esta última localizada na Conde da Boa Vista.

Marcelino Granja, afirma que a assinatura do decreto para a criação da EPC coroa um processo democrático iniciado ainda em 2009, quando a então secretária estadual de Ciência e Tecnologia, a hoje deputada federal Luciana Santos (PCdoB) sugeriu a criação da empresa de comunicação. "O sistema público deve ser complementar ao privado, para garantir a pluralidade de expressões

De acordo com Granja, a secretaria deve investir para viabilizar a digitalização da transmissão dentro de dois anos. "As democracias modernas sempre precisaram de instrumentos públicos de comunicação", destacou.

O secretário também aproveitou a oportunidade para elogiar o governador Eduardo Campos. "Eduardo é muito estrategista e focado na oportunidade. Há lugar político para isso e Pernambuco precisa disso. O Brasil também", pontua.
Nelson Breve,  presidente da EBC
O presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Nelson Breve, destacou a importância da televisão pública na democratização da comunicação e também elogiou o pioneirismo de Pernambuco. "Este é um dos estados mais pujantes da federação, se não o mais pujante. Quero dar os parabéns para este estado que também foi pioneiro, na década de 80, ao criar a primeira empresa pública de comunicação, a TV Universitária".

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Jornalismo e diversidade


Por Dênis de Moraes, no sítio da Editora Expressão Popular:

Em memória de Juan Díaz Bordenave

O cenário que envolve o jornalismo atual é complexo e intrincado. De um lado, há uma profusão de conteúdos industrializados na proporção exigida por canais multimídias em crescimento contínuo. De outro, há uma perversa concentração das informações nas mãos de poucos conglomerados empresariais, em sintonia com a meta de ampliar o valor mercantil e os padrões de acumulação e lucratividade do setor. Se apontamos essa concentração em torno de estruturas de industrialização de notícias pertencentes a megagrupos, o que é produzido obedece a uma escala de valores e de visões geralmente restrita às avaliações e conveniências das fontes controladoras. A "diversidade" apregoada pelos arautos do neoliberalismo está, quase sempre, sob forte controle das fontes de emissão, responsáveis pela mercantilização generalizada da produção simbólica.

Por outro lado, o acesso aos conteúdos é profundamente desigual. Há grave assimetria entre a expansão dos sistemas tecnológicos e a capacidade de inclusão da base da sociedade nos benefícios decorrentes. Os países mais ricos e as elites dominantes são os que mais desfrutam dos acessos, usos e vantagens do excesso de estímulos impressos e audiovisuais. Tanto os usos das tecnologias avançadas quanto a propalada "diversidade" são estratificadas e sob controle, não são para todos. Conforme o Mapa das Desigualdades Digitais, no Brasil os 10% mais ricos usufruem até cinco vezes mais dos benefícios da rede do que os 40% mais pobres da população. Como se deduz, o universo de usuários, por mais que se contem aos milhões, não corresponde à totalidade social, que é paradoxal, desigual e injusta. Existem diferentes padrões educacionais e socioeconômicos envolvidos nos processos comunicacionais e culturais, o que significa perceber que tais diferenças são intrinsecamente portadoras de desigualdades e exclusões que vicejam em meio à explosão tecnológica. Então, não há como deixar de reconhecer que consequências negativas de uma sociedade estratificada e desnivelada se projetam no usufruto seletivo e privilegiado de informações, saberes e conhecimentos.

O quadro acima sumarizado provoca uma série de impactos na práxis jornalística. Costumo dizer que o jornalismo envolve, ao mesmo tempo, a melhor profissão do mundo e uma das profissões mais problemáticas do mundo. Porque, se nenhuma outra profissão tem a variedade de contatos e trocas com a condição humana como o jornalismo, é forçoso reconhecer que a estrutura empresarial que rege o jornalismo de mercado é profundamente verticalizada, avessa a expressões autônomas e participativas por parte dos jornalistas. Essa estrutura empresarial, sob a égide dos grupos econômicos, assume e controla, monopolicamente, os processos de produção e veiculação das informações que circulam socialmente. Trata-se de uma “estrutura piramidal”, como assinala Milton Santos: “No topo, ficam os que podem captar as informações, orientá-las a um centro coletor, que as seleciona, organiza e redistribui em função do interesse próprio. Para os demais, não há, praticamente, caminho de ida e volta. São apenas receptores, sobretudo os menos capazes de decifrar os sinais e os códigos com que a mídia trabalha.” (1)

Os mecanismos de controle cresceram enormemente nas empresas de mídia, gerando, como efeito colateral, uma sensível diminuição da possibilidade de interferência autoral dos jornalistas nos produtos e mensagens que elaboram. Resultam daí ambivalências e frustrações. Sem dúvida, há desvios nos processos informativos, provocados, em larga medida, pelas conveniências de toda ordem dos grupos empresariais do setor e pelos modelos autoritários que regem as relações internas das redações - um modelo que filtra e enquadra as notícias em sintonia com as ênfases e os ocultamentos determinados, unilateralmente, por cada veículo.

Frente a tal quadro, propício a desvios e prepotências, a impaciência analítica se manifesta quando só se mede a atividade jornalística por equívocos e manipulações. Trata-se, no caso, de achar que só existe um jornalismo, quando existem jornalismos, no plural. Ora, o jornalismo só se torna prisioneiro de si mesmo quando se contenta em ser de mão única, geralmente porta-voz das frações mais acirradas das classes dominantes e, não por acaso, sempre vulnerável ao que Rodolfo Walsh situou, primorosamente, como “mentiras irrisórias, calúnias pagas e estupidez elevada à virtude”. (2)

As experiências do jornal Brasil de Fato e dos sites Carta Maior, Correio da Cidadania e Ópera Mundi têm alguma coisa a ver com o jornalismo empresarial? Evidente que não. Isso não quer dizer, obviamente, que tudo que se faz no jornalismo dos grupos midiáticos seja um lixo. Absolutizar as impugnações é ceder ao dogmatismo e desconhecer as próprias contradições e ambivalências de cada meio noticioso, bem como ignorar circunstanciais olhares críticos e brechas de inteligência dentro dos domínios midiáticos (ainda que em espaços exíguos e ocasionais para se manifestar sem embaraços). Sem subestimar a reverberação do ideário dominante nos canais midiáticos, devemos reconhecer que fatores mercadológicos, socioculturais e políticos repercutem de alguma maneira na definição de conteúdos e programações. Os meios estão entranhados no mercado e dele dependem para suas ambições monopólicas. Um de seus traços distintivos da mídia, enquanto sistema de produção de sentido, é a capacidade de processar certas demandas da audiência, o máximo possível dentro das margens de controle delineadas por estrategistas e gestores corporativos.

O que diferencia Carta Maior, Brasil de Fato, Correio da Cidadania e Ópera Mundi é que eles produzem um outro tipo de jornalismo, mais insubordinado e comprometido com a crítica ao capitalismo, ao neoliberalismo e às elites dominantes – vale dizer, ao modo de produção elitista e excludente que serve de lastro a modelos verticalizados como os da maior parte das empresas de comunicação. São publicações que se pautam por temáticas e óticas comprometidas com o universo das necessidades, reivindicações, conflitos e expectativas sociais, nos diferentes planos da vida cotidiana. Recusam assumir o cinismo das formulações sobre “objetividade” e “neutralidade”, cujo fim último é dissimular ou apagar as marcas dos interesses de classe presentes nas enunciações das máquinas midiáticas. Têm ciência de que são produtores de interpretações e leituras do mundo, de acordo com suas convicções e alvos. Mas se propõem a não confundir o tomar partido com o silenciamento ou a interdição das posições antagônicas, através da estigmatização e até da destruição das razões do outro pela artilharia de editoriais, manchetes e textos tendenciosos.

Quando tomamos contato com veículos contra-hegemônicos e alternativos, verificamos, em muitos deles, múltiplas interpretações sobre acontecimentos e situações sociais, políticas, econômicas e culturais. É, tendencialmente, um tipo de jornalismo mais plural, inclusivo no sentido de revelar-se mais permeável às causas comunitárias e populares. E, no entanto, é jornalismo. E as pessoas que fazem essas publicações são jornalistas. Quem dirige essas redações são jornalistas. Insisto que devemos adotar um raciocínio dialético em relação aos jornalistas e pensar sua práxis de uma maneira abrangente e complexa.

As formas de atuação dos jornalistas dentro das corporações podem oscilar, seja por suas posturas, habilidades ou alinhamentos, seja pelas múltiplas experiências vividas, seja por nuanças ideológicas, programáticas e mercadológicas nas diretrizes empresariais. Não podemos esquecer que, entre os jornalistas da grande imprensa, existem aqueles que tentam explorar brechas, fissuras e fendas dentro dos próprios aparatos. Com efeito, é fundamental não reduzir o jornalismo enquanto atividade complexa e plural ao tipo de jornalismo com o qual estamos em desacordo, que é aquele jornalismo que neutraliza e menospreza expressões do contraditório.

A crítica à mídia é decisiva, imperiosa e inadiável. Impossível sermos indiferentes a distorções por ela praticadas. Os principais órgãos de difusão dizem representar a vontade geral, apresentando-se à opinião pública como intérpretes do senso comum e guardiães da moralidade, quando, em verdade, espelham prioridades comerciais, intentos políticos e pretensões de poder de seus controladores, eles próprios integrantes de frações das classes dominantes. Esses desvios se chocam com interesses coletivos, que deveriam ser o ponto central a ser preservado pelos atores participantes do campo jornalístico e dos processos informativos em particular, principalmente por veículos que detêm concessões públicas de canais de rádio e televisão.

Reivindico apenas que tenhamos um olhar mais abrangente sobre a produção jornalística como um todo. Não percamos de vista que o jornalismo, por definição, é uma atividade que, a despeito de limitações e coerções, tem a ver com a liberdade de expressão e a diversidade, estando em contato privilegiado com a condição humana, a partir de uma relação febril com a realidade social. O fascínio pelo jornalismo está, a meu ver, associado à sua relação com aspirações, vicissitudes e expectativas dos homens concretos, como também à possibilidade de traduzir em textos, sons e imagens os acontecimentos sociais, econômicos, políticos e esportivos, os conflitos humanos, as criações culturais, o entretenimento, os fatos da vida cotidiana etc.

Devemos manter o espírito crítico aceso em relação aos desvios e manipulações cometidas pelos veículos de massa, sem esquecer em momento algum que existem outros jornalismos. E quando me refiro a outros jornalismos não estou me referindo apenas ao jornalismo contra-hegemônico em sentido estrito; existem vários outros jornalismos: sindical, estudantil, cultural, científico, ambientalista... Sem contar revistas e tabloides, sites, portais, TVs universitárias e educativas, agências de notícias independentes, ONGs, coletivos de produção independente, o jornalismo dos movimentos sociais, o jornalismo das rádios e televisoras comunitárias, o jornalismo das redes sociais, dos blogs, dos tablets, dos celulares, dos murais, dos telões...

Há uma pluralidade que tem que ser contemplada na análise, e nós não podemos confundir os vários jornalismos diante de nós com o jornalismo problemático da grande mídia. Nem podemos, igualmente, ignorar que o jornalismo alternativo enfrenta barreiras e tropeços: sustentabilidade; profissionalização e infra-estrutura limitadas; abrangência, circulação e penetração mais restritas. Entretanto, projetos participativos e criativos desenvolvem, presencial ou virtualmente, práticas editoriais, agendas informativas, enfoques, dinâmicas comunicacionais e interações que, não raro, põem em xeque o monolitismo ideológico-cultural que costuma caracterizar os meios tradicionais. Valorizam a diversidade no sentido proposto por Eduardo Galeano: a variedade de mundos que o mundo contém.

À luz desses pressupostos, parece-me essencial interferir nos múltiplos cenários que envolvem a atividade jornalística. A começar pela formação dos novos jornalistas, tentando superar insuficiências e percepções afoitas. Deveríamos, por exemplo, descartar a inculcação dos valores do sucesso, da competitividade e da ascensão a qualquer custo. Isso contribui para cristalizar a idéia fixa e preocupante de direcionar currículos e vocações para o mercado da grande mídia, como se fosse este o único destino promissor. Entre os efeitos colaterais dos cursos para o mercado, estão o desestímulo à reflexão crítica, o atrelamento aos tecnicismos e mandamentos corporativos, na medida em que se ajustam conteúdos ministrados a critérios e filtros estabelecidos pelas empresas de mídia para recrutar pessoas e compor seus quadros – critérios, via de regra, desfavoráveis a posturas críticas. É uma visão estreita que celebra o jornalismo tradicional e sufoca alternativas - como se fosse intolerável ter nas redações profissionais que se distinguem da geléia geral por ousar pensar para além das convenções, sanções e manuais uniformizadores. Daí a importância de se tentar reequilibrar, progressivamente, as ênfases entre o aprendizado de técnicas e linguagens, a formação humanística e o espírito crítico, abrindo o leque de perspectivas para a atuação profissional.

Por que não envolver a sociedade numa discussão ampla das atividades jornalísticas, contemplando os primados da ética, da informação veraz, da liberdade de opinião e do compromisso com a cidadania? Por que não avançar na definição de instâncias e modos de verificação de procedimentos editoriais e padrões éticos no jornalismo? São questões que a arrogância dos grupos midiáticos quer diluir e evitar, pois desejam se manter fora do alcance de mecanismos de acompanhamento e interpelação de seus eventuais equívocos ou abusos na tarefa de informar.

Mais ainda: o outro jornalismo possível exige uma urgente reformulação da legislação de comunicação no Brasil, alterando o regime de concessões de licenças de rádio e televisão. A providência se impõe tanto para coibir o clientelismo político e abrir oportunidades a canais comunitários e a uma comunicação pública não-governamental quanto para ampliar os mecanismos democráticos de fiscalização das empresas concessionárias. O poder público precisa intensificar linhas de financiamento, apoios e patrocínios que fortaleçam os meios alternativos, comunitários, sindicais e populares, que se estruturam em torno da partilha, do intercâmbio e da colaboração, sem finalidades lucrativas. Melhorar a qualidade de programação da televisão aberta também passa pela contenção da obsessão mercantil das emissoras.

Apesar dos obstáculos, há chances de evoluirmos para exercícios mais instigantes do jornalismo, inclusive aproveitando ferramentas e ecossistemas digitais (sem cair na ilusão de achar que a internet é a solução para todos os males, até porque os tentáculos da mercantilização se alastram pela rede) e desenvolvendo formas colaborativas, compartilhadas e descentralizadas de produção informativa e cultural. Significa reunir projetos convergentes e mobilizar energias criativas e consciências questionadoras para fazer reviver a inquietação jornalística e impulsionar o vigor crítico diante de um mundo reificado. Pois afinal foi esta inquietação que motivou tantos de nós, quando jovens, a escolher o jornalismo não apenas como profissão, mas também como destino histórico para nossos espíritos indomáveis.