Por Tribuna do Norte
A tarde de chuva deste sábado na capital potiguar foi o cenário para mais um protesto. A Marcha das Vadias, realizada em Ponta Negra, levou dezenas de homens e mulheres a protestarem contra a discriminação feminina e pedirem a liberdade delas. Esse foi o segundo ano da Marcha das Vadias na capital potiguar.
"O meu modo de vestir não tem relação com o desejo dos homens, mas com a minha autonomia", afirmou a presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Melaine Macedo.
Vestindo roupa transparente preta e empunhando a bandeira da Marcha das Mulheres, Melaine era uma das mais animadas na Marcha das Vadias. Ela citou a estatística de que em 60% dos processos judiciais de estupro os homens argumentam que as mulheres estavam com pouca roupa ou sozinhas a noite. "Isso é uma opção de cada mulher, a mulher pode andar e usar o que quiser", disse Melaine, que fez a inscrição no corpo "Meu corpo meu território".
Luci Araújo, estudante de História, critico a discriminação contra as mulheres que não usam a roupa com o "comportamento padrão". "É como se a roupa definisse o caráter de uma pessoa, o que não tem qualquer relação", destacou.
Jalene Medeiros, também estudante, disse que pensou em ir para a Marcha das Vadias de Burca, mas como não encontrou a indumentária optou por usar uma máscara. Na mão o cartaz que trazia uma frase de protesto contra o "cafetismo social". "O cafetismo social ainda existe hoje e nós temos que acabar", disse.
Momentos antes de começar a Marcha das Vadias houve uma tensão com a chegada de policiais. Em um prédio comercial próximo ao ponto de concentração da marcha foram feitas pichações. A primeira suspeita foram dos manifestantes. Mas a polícia não constatou o fato e logo seguiu, deixando a Marcha se organizar.
O movimento contou não apenas com a presença de mulheres, mas também de homenns. Alguns, inclusive, optaram por se vestirem de mulher.
Gritos de guerra, músicas, cartazes e uma bateria improvisada com tambores de plástico compuseram os acessórios da Marcha das Vadias.
História da Marcha das Mulheres
O movimento 'SlutWalk', como é chamada a Marcha das Vadias, identifica-se como uma manifestação, autônoma e voluntária, que agrega mulheres jovens que não viveram a construção do feminismo.
O protesto é inspirado em um movimento originado na cidade de Toronto, no Canadá, que busca reverter a cultura que culpa as vítimas por casos de violência sexual e que desencoraja as mulheres a denunciar os crimes. Em todo Brasil a Marcha das Vadias começou ano passado e foi promovida em diversos Estados.
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