Em junho de 1970, uma cantora considerada o novo fenômeno da
Música Popular Brasileira chegava ao Recife para o seu primeiro show na capital
pernambucana. Hospedada no Hotel São Domingos, no centro, ela recebeu a equipe
do Diario escalada para uma entrevista. O repórter Valdi Coutinho e o fotógrafo
Maurício Coutinho foram recepcionados pela irmã de Caetano Veloso como se
fossem velhos conhecidos, apesar do atraso. Rolou uma conversa pra lá de
informal, que rendeu página inteira no Terceiro Caderno, suplemento cultural
publicado aos domingos. Na capa, a chamada: “Maria Betânia: eu acho o homem
brasileiro lindo”.
Na página 2, uma língua afiada em respostas curtas. Betânia
fala de amor total, sucesso, massa ou elite, Capiba, pileque, fossa, amores não
correspondidos, filhos, Elis Regina grávida e a sua estreia no Recife. Na
abertura da entrevista, Valdi Coutinho ressalta que Betânia estava conversando
com um grupo quando a reportagem chegou. No meio da entrevista, ele destaca que
“Alguém” pergunta por que Betânia está sempre com uma cobra de ouro enroscada
no braço. “Eu amo. Aqui tem um time de futebol que tem a cobra como símbolo,
não é?”. O “Alguém” confirma: “sim, o Santa Cruz…”.
Com o passar das décadas, Betânia se tornaria mais
reservada. Continuaria autêntica, mas não falaria abertamente das suas
preferências. Nesta entrevista histórica ao Diario, a última pergunta era sobre
o seu “caso” atual. A resposta vale até hoje: “Ninguém. Amo todo mundo. Não
tenho medo de nada. Não sou indiferente. Gosto de Maria Betânia porque não sou
minha, sou de Deus e do mundo”.
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