quinta-feira, 28 de julho de 2011

McLuhan no Brasil


Por José Marques de Melo

Equivocaram-se completamente as pitonisas que vaticinaram o eclipse intelectual de Marshal McLuhan, logo após sua morte em 1980. Os eventos que marcam o calendário intelectual de 2011, ano do centenário de seu nascimento, negam inteiramente aquela previsão funesta.

O  momento culminante das celebrações brasileiras está agendado para a cidade do Recife, em setembro próximo, durante o congresso brasileiro de ciências da comunicação, promovido pela Intercom, associação que aglutina a comunidade acadêmica da área.

Nenhum lugar mais apropriado para isso, justamente por ter sido Recife o porto de desembarque das idéias de McLuhan no Brasil. Elas chegaram ao binômio Rio-São Paulo no fim dos anos 1960, mas só prosperaram na década de 1970, quando seus livros foram traduzidos e publicados.

Quem primeiro tomou conhecimento das teses iconoclastas e dos métodos heterodoxos do pensador canadense e os difundiu no país foi Gilberto Freyre. Quando escreveu, em 1961, a introdução ao seu clássico estudo sobre o escravo nos anúncios de jornal, o solitário de Apipucos refere-se ao livro “The Mechanical Bride” (1951), que ele considera precursor da anunciologia, disciplina voltada para o estudo da propaganda na imprensa.

Entusiasmado com essa descoberta, Freyre imediatamente procurou dialogar com McLuhan. O encontro se deu em Paris, durante o colóquio para o qual ambos os escritores haviam sido convidados. Freyre revela essa interlocução no prefácio da 3ª edição do já referido livro, lançado em São Paulo quando o profeta canadense estava na crista da onda.

Assim sendo, as idéias de McLuhan circularam em Pernambuco, bem antes da sua difusão nas metrópoles nacionais. Eles eram objeto de debate acadêmico no início do curso de Jornalismo na Unicap, graças ao cosmopolitismo de Luiz Beltrão, que se mantinha atualizado sobre o pensamento contemporâneo.

Evidência disso é o ensaio que Luiz Beltrão publicou, em 1968, na revista Comunicações & Problemas, fazendo exegese não preconceituosa do livro “The Gutemberg Galaxy” (Toronto,1962) e a resenha que sua discípula Tereza Lúcia Halliday publicou em 1969 na revista Cadernos de Jornalismo e Comunicação do Jornal do Brasil.

Nesse final dos anos 1960, Marshall McLuhan e seus livros repercutiram em todo o país, pautados pelos Cadernos de Jornalismo e Comunicação, editados pelas empresas jornalísticas Bloch e JB. Tais fontes nutriam o imaginário dos jornalistas responsáveis pelas editorias de cultura da grande imprensa.

 Motivos fortuitos impediram a visita de McLuhan ao Brasil. Várias vezes tentado pelas organizações  que bancariam seus elevados cachês, esse projeto fracassou. Não veio o homem, mas ficou o mito.

terça-feira, 26 de julho de 2011

O porque da Comunicação existir

O homem só pode ser considerado um ser social quando ele se relaciona. E para isso acontecer ele deve se comunicar. As ferramentas usadas para atingir o objetivo de ser entendido podem ser variadas, independente do meio empregado. Gestos, grunhidos e até linguagem verbal que dá sentido para uma sociedade existir. Não importa, tornar e se fazer entendível é o desejo de todo ser humano.

A comunicação com seus múltiplos meios tem se tornado cada vez mais dinâmica, não apenas do ponto de vista tecnológico, mas, sobretudo, pelas inúmeras vozes que existem ao redor de seu espaço. Hoje em dia, a comunicação perdeu o sentido que tinha antigamente de ser apenas uma troca de informações entre emissores e receptores permanentes e distantes. 
Prova disso é o processo dialogal da comunicação, que parte do emissor atinge o receptor que, em resposta, torna-se ele mesmo emissor e emite nova mensagem em direção ao antigo emissor, agora transformado em receptor.

Dessa forma então, quebram-se as teorias fixas de comunicação, em que um emissor enviava uma mensagem sem qualquer filtro crítico e ativo por parte do receptor. Para simplificar, esse é o exemplo do início da teoria das massas, acrítica em sua origem e reprodução das informações, mas que foi derrubada, por causa de escolhas de conteúdos por parte das audiências.

Com inúmeras vozes, conteúdos e influências (seja por meio da indústria da mídia ou da mídia alternativa), passam a existir nos cidadãos variadas produções de sentido que afetam o seu ambiente, o seu modo de viver, a sua cultura. Por não ter uma forma dita como correta de avaliar o processo, as metodologias da pesquisa em comunicação vão buscar nos diferentes saberes, possíveis respostas para alterações sociais de um espaço.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A importância da pauta no jornalismo


Normalmente para o senso comum, um assunto qualquer é sinônimo de pauta. Mas a pauta não é um assunto, muito menos qualquer assunto. Pauta é o conjunto desses, que podem ser abordados diversos temas dentro da referência solicitada. Para um tema virar uma pauta, deve obedecer aos critérios jornalísticos de noticiabilidade que mechem com o consciente e inconsciente do ator social como: poder, dinheiro, trabalho, religião, amor, morte, educação, etc. Já esses critérios são medidos por valores que são: intensidade, proximidade, conseqüências.

É importante saber, tanto o cidadão quanto o jornalista, que a pauta é selecionada, legalmente ou ilegalmente, para ser debatida de acordo com o interesse e linha editorial do jornal. Legalmente quando o conjunto de assuntos obedece às circunstâncias do verdadeiro interesse público, independente de posição político-ideológica. A seleção ilegal da pauta advém de troca de favores entre os que querem se promover e algum tipo de recebimento de benefício por parte do dono do jornal.

Para elaborar uma boa pauta, esta deve conter, genericamente: informações prévias, telefones dos entrevistados, questionamentos, sugestões de perguntas e descrição de ações e de ambientes para dar veracidade aos fatos. As perguntas devem ser direcionadas a uma fonte que tenha autoridade no assunto referido pela pauta, explorando o declaratório como forma de garantir a “isenção” do repórter frente a fonte, delegando dessa forma a responsabilidade dessa fonte ao que está sendo dito.

A pauta no jornalismo moderno veio para organizar a redação e facilitar o fechamento para que o jornal não perca o status de indústria que ganhou recentemente. A rotina dos meios de comunicação começa e termina com a pauta. Primeiro servindo de orientação para o repórter fazer a matéria e por fim para facilitar o trabalho da edição na organização das matérias feitas.

Muitas vezes as pautas são feitas dentro da redação, movimentando no sentido vertical, de cima para baixo, partindo do dono do jornal, diretoria, editor, chefe de reportagem até chegar ao repórter. Mas não é tão difícil a pauta vir de fora da redação. Na rua é possível identificar com os fatos um número expressivo de assuntos que podem virar pauta e isso vem sendo usado por alguns veículos de comunicação. Também ultimamente os veículos em suas diversas plataformas pedem aos seus expectadores que mandem sugestões de pauta, que muitas vezes rende matérias e que é fruto do enxugamento das redações que limita a ida de profissionais à rua.

Por fim, é interessante que pautas mais complexas de cumprir por vários motivos como por exemplo tragédias, mortes macabras de difícil solução, corrupção na política etc. sejam executadas por repórteres mais experientes que tenham um repertório mais apurado para conseguir extrair os pontos mais importantes dos fatos.

domingo, 3 de julho de 2011

Publicidade nas mídias sociais

Por Leandro Cunha e Alexandro Costa

As organizações, de um modo geral, elaboram estratégias seja para vender, adquirir credibilidade, criar vínculo e etc. de acordo, é claro, com seus interesses. Para atingir os objetivos essas organizações perceberam uma potente ferramenta: a comunicação. 

Com a comunicação, as organizações puderam buscar seus públicos de interesse, ir até eles, divulgando seus produtos e serviços por meio da publicidade.

A publicidade serve como forma de divulgação de produtos e serviços de determinada organização no intuito primeiramente de ir até o receptor/consumidor para que este volte para aquele com a finalidade de adquirir o produto/serviço que foi divulgado.

As organizações se beneficiam como um todo ao usar a publicidade a seu favor, independente da ferramenta usada. Historicamente, cada meio teve e tem a sua importância. Os panfletos e os outros impressos, por exemplo, embora sejam vistos pelo senso comum como meios ultrapassados são potentes meios de divulgação. Os panfletos não abandonaram o consumidor de rua comum e estrategicamente procura este cliente para atender a demanda de suas lojas. Já nos jornais, paga-se muito caro para a inserção de publicidade, geralmente orientada para um público mais elitizado com poder de compra, sendo colocado na página geralmente de alto valor aquisitivo como de carros.

As novas formas de publicidade: Internet
Com o advento do surgimento da internet, foi-se criando o espaço virtual no mundo inteiro e por tal razão, a possibilidade de inserções publicitárias na web. Várias organizações já usam o meio para divulgar suas ações, produtos e serviços, visto que cada vez mais a internet garante retorno por causa dos milhões de usuários que existe hoje.

Primeiro a publicidade na internet se iniciou nos conhecidos sites noticiosos. Quase todos usam a publicidade até para se manter, isso quando não são vinculados a uma grande rede de comunicação. Os portais por sua vez, esses sim necessitam da publicidade para sobreviver. Casos recentes aconteceram em Natal-RN quando os portais NaBocadoMundo.com e o NoMinuto.com tiveram que fechar as portas pela dificuldade que tiveram de ter no mercado local por causa das organizações que não acreditam ainda na rede como forma de alavancar seus negócios.

O poder das Redes Sociais
Depois de descobrir a web como ferramenta como meio que dá retorno devido aos milhões de usuários inseridos nela, as organizações exploram o potencial criado pelas redes sociais. Estas são comunidades virtuais em que os usuários se relacionam com outras pessoas de seu respectivo interesse. A interação se dá por compartilhamento de conteúdos, seja ele escrito, audiovisual ou somente visual por meio de fotografias. Redes sociais como Flickr (somente fotografia), Youtube (somente vídeo) e Orkut, Facebook, Twitter (que usam todos os recursos da comunicação) possibilitou ao cidadão comum produzir conteúdo.

O ciberativismo alterou substancialmente as relações de tempo e espaço aos que estão inseridos nele. O tempo ficou mais corrido e o espaço mais dinâmico, sendo o virtual a nova forma de estabelecer as relações entre as pessoas.

Com isso em mente, as organizações perceberam que não poderiam ignorar as redes sociais em favor de seus interesses, o público é eminentemente potencial. Então o jeito foi traçar estratégias de marketing em cada rede social de seu interesse para atingir seus objetivos.

O poder do Twitter
Cada vez mais o twitter no Brasil vem ganhando força. O microblog ganha adeptos no país a cada ano que passa. Hoje o número de usuários

beira a dois milhões e vem se popularizando. Embora o espaço para colocar as mensagens seja curto (apenas 140 caracteres) e por conta disso seus usuários colocar mensagens banais e incompletas, as marcas viram nisso a oportunidade de divulgar suas ações em poucas palavras, de forma clara, concisa e usando uma linguagem acessível de tal forma que consiga juntar adesões as suas promoções.

Alguns sorteiam prêmios, colocam informações chamativas para ser verificado no site institucional os detalhes do que se está se referindo por meio de link e até colocam fotos dos bastidores do trabalho, passando a imagem de empresa acessível às pessoas comuns. O feedback é outra situação explorada pelas organizações, assim seus seguidores podem enviar sugestões e reclamações que serão respondidos por uma equipe de comunicação estabelecida.

Um caso interessante que mostra o poder do twitter foi o da venda de um apartamento de 500 mil reais em 2009 pela construtora Tecnisa via rede, a um custo quase zero, já que para a divulgação o trabalho foi apenas de criar uma conta no microblog. Segundo o próprio site da construtora, o comprador, um técnico em TI, seguia a empresa desde janeiro do referido ano e se interessou pela divulgação da Tecnisa. Esta trabalha muito bem a questão das redes sociais, pois tem um lucro anual de 28 milhões de reais em venda na web.

Mas isso não quer dizer que toda empresa vai conseguir essa venda ao conseguir 700 seguidores em uma semana como fez a Tecnisa. Para encontrar o resultado esperado deve haver um investimento pesado em comunicação e em profissionais dedicados aos usuários, dando atenção a todos os seguidores.

Já que serve de ponte para organizações potencializarem seus negócios, os responsáveis pelo microblog também procuram patrocínios para tornar a rede social mais lucrativa. Segundo a revista Info, a fim de encontrar novas formas de gerar receita, o Twitter deve começar a inserir publicidade na timeline (caixa onde são exibidas as mensagens) de seus usuários. Dessa forma, entre um tuite e outro de seus contatos, o usuário teria que ler uma mensagem paga.

De acordo com blog Mashable, a mudança deve acontecer nos próximos oito dias. No momento, executivos do Twitter estariam se reunindo com agências de publicidade para apresentar o formato. Até então, o Twitter opera com dois formatos de publicidade inserida: por meio dos trending topics patrocinados e a sugestão de perfis pagos.

O que é Marketing Digital?

Marketing digital são ações de comunicação que as empresas podem se utilizar por meio da Internet e da telefonia celular e outros meios digitais para divulgar e comercializar seus produtos, conquistar novos clientes e melhorar a sua rede de relacionamentos.

O Marketing digital engloba a prática de promover produtos ou serviços através da utilização de canais de distribuição eletrônicos para chegar aos consumidores rapidamente, de forma relevante, personalizada e com mais eficiência.

Traduz-se em ações de Marketing (Estratégicas, Econômicas e Operacionais) adaptadas aos meios digitais, de forma a obter, nestes canais, a mesma eficiência e eficácia do Marketing tradicional e em simultâneo potenciar os efeitos do marketing tradicional. Na sua operacionalização são, normalmente, utilizados canais, meios e ferramentas digitais.

O e-marketing ou marketing eletrônico baseia-se na utilização das tecnologias de informação e comunicação (TIC) no processo de criação, comunicação e fornecimento de valor aos clientes, e na gestão das relações com os clientes, de modo a beneficiar a organização e os seus stakeholders (públicos-alvo).

 

Marketing interativo: o que é isso?

Modelo baseado no marketing relacional que se traduz na relação entre duas empresas B2B (business to business) ou entre a empresa e o consumidor (business to consumer) B2C. Este modelo relacional evoluiu com a era digital, tornando a hipótese de escolha mais aproximada a cada um dos consumidores. A capacidade de agrupar clientes com gostos ou preferências semelhantes permitiu melhorar a oferta nas campanhas de marketing. Quase podemos comparar a oferta direcionada para o cliente com a loja de proximidade, em que o interlocutor habitual já conhece os hábitos e sempre que surge um produto adequado tenta vende-lo e quase sempre com sucesso.

Com a possibilidade de métrica de hábitos e com a possibilidade de os agrupar por segmentos de gostos ou interesses quase que é possível a interação direta entre quem vende e quem compra. As empresas auxiliam-se do público-alvo no desenvolvimento dos produtos e estes contribuem para a evolução da empresa de uma forma interativa.

A base de dados deste tipo de modelo vai melhorar com o aumento de dados e de interações, a solução encontrada pela empresa para que o cliente interaja vai determinar a rapidez de crescimento. Tornou-se banal o envio de publicidade via e-mail (devido ao baixo custo), por este motivo esta ferramenta tem sido alvo de cuidado acrescido para que não seja banida de forma automática como publicidade não desejada (spam).

O primeiro contato é primordial para garantir uma relação de continuidade, o cliente deve ficar ciente desta importância e que a mesma é necessária para que o possamos servir melhor.

Em resumo os objetivos do marketing interativo são comuns ao de qualquer empresa que quer apostar no sucesso, e são em suma o aumento dos níveis de qualidade de todos os serviços, aumentar a satisfação dos consumidores para garantir a recompra.

 

Sobre o E-commerce

Maketplace (digital ou e-commerce community) é um ponto de encontro para empresas comprarem ou venderem produtos ou serviços. Emergem como consequência de interesses comuns em encontrar novos modelos econômicos mais eficientes. Comércio B2B (business to business).

Podem ser classificados em dois grandes grupos:
Marketplaces Verticais – especializados em oferecer serviços a uma indústria (ex. Vortal econstroi);

Marketplaces Horizontais – transversais a várias indústrias
A utilização de Marketplaces propicia diversos benefícios como, cooperação, automatização, standardização e transparência. Proporciona às empresas conteúdos e serviços que permitem melhorar os processos de comercialização e qualidade.

Papel do sites de compras coletivas no Marketing Digital
A seguinte matéria foi uma produção da autoria do discente Alex Costa falando sobre o marketing digital, associando os conteúdos relativos ao tema à prática que hoje está em crescimento na sociedade brasileira. O foco em Natal realça que esse crescimento do e-commerce tende a crescer gradativamente, sendo o futuro do marketing, da publicidade e da propaganda.

“Febre das compras coletivas”
Liquidação total, o patrão enlouqueceu! Iogurte gelado de R$ 9 por R$ 2,69. Pizza grande, de R$ 35, por R$ 9,90. Depilação completa, de R$ 135 por R$ 29. Calma, ninguém está doido. Essas ofertas são reais e estão na internet. Bem-vindo ao mundo das compras coletivas. Silencioso e sorrateiro, a novidade chegou no Brasil no início do ano passado e no Nordeste em meados de outubro de 2010. Hoje, é cada dia maior a quantidade de compradores e clientes que investem nesse novo mercado tecnológico.

Para quem ainda não embarcou nesta febre, o modelo mais comum funciona assim: um site oferece um serviço ou produto com um “descontão”, de 50% a 90%, durante 24 horas. Mas esse preço baixinho só tem valor se um número determinado de pessoas comprar a oferta. Depois de atingido esse número mínimo, todos ganham os cupons que dão direito à promoção.

Em Natal, os dois primeiros web sites a lançarem promoções na cidade foram o Peixe Urbano e o Groupon Clube Urbano, que estrearam por aqui praticamente na mesma data, em outubro do ano passado. Desde então, como uma onda tsunâmica, o negócio só fez crescer e se espalhar, seguindo-se o surgimento de canais de vendas exclusivamente potiguares.

Para as mulheres que se orgulham de uma compra bem feita e baratinha. Mônica Américo, 46, não perde um super desconto. Pela internet, comprou um dia de madame em um SPA. Banho de espuma e sais, esfoliação, escalda pés, uma sessão de reflexologia, além de uma super massagem corporal: tudo isso de R$ 459 por R$ 99. “Se o propósito era relaxar, estou super relaxada. Ainda mais para quem vive viajando e trabalhando, acumulando estresse. E pelo preço que foi, nem se fala”, afirma a empresária.

Os sites de compra coletiva mexem com um fator que é fundamental na hora da compra: o tempo. O relógio está correndo e o consumidor faz a compra por impulso. Muitas vezes, ele não precisa tanto daquilo que está levando, mas ele compra. A promoção está lá, vai durar muito pouco e, na dúvida, muitos escolhem aproveitar.

A cada oportunidade atrativa, em que vale a pena o investimento, o advogado Diego Ribeiro Dantas, 26, não pensa duas vezes e compra, ainda que não precise no momento. “Tem coisas que são imperdíveis, não dá para desperdiçar. Tenho bastante cupom guardado para usufruir. Alguns eu até dou de presente”, diz.

Diego conta que parou um pouco mais de comprar na internet, devido ao grande número de cupons acumulados (mais de 20), e afirma ter transformado o que eram duas compras por dia em duas compras por semana. “Preciso gastar os cupons que tenho acumulado primeiro, para não perderem a validade e se tornar um investimento perdido. Mas eu garanto, assim que tiver terminado de gastar, vou voltar ao ritmo antigo”, assegura.

Nas compras do advogado agregam-se estadias em pousadas, programações em bares, danceterias, teatro, cinema e, imprescindivelmente, em alimentação. “Nunca tive problemas no ato do desconto de nenhum cupom, nem nunca me trataram mal. Até porque, pelo que eu acredito, o objetivo deles é apresentar um serviço ou um produto e fazer com que a pessoa goste e volte mais vezes”, afirma. Sempre a procura de novos canais que oferecem descontos em produtos e serviços pela internet, Diego conta que tem o espaço “Favoritos” do seu computador pessoal repleto de sites dessa categoria.

A febre das compras coletivas parece já ter atingido todos os níveis sociais. O estudante de direito Michel Frederick, 26, é outro apaixonado pelas grandes ofertas com grandes descontos. Apesar das vantagens que as promoções têm no bolso do consumidor, Michel teme que o serviço não seja bem oferecido em alguns locais onde são mostrados os cupons de compra. “Na última vez que fui a um restaurante e apresentei o cupom, senti no tom de voz da atendente, e na maneira de tratamento, um certo desprezo. Parecia que não fazia questão que eu estivesse ali, o atendimento foi demorado e eu não me senti bem”, conta.

Através de amigos e redes sociais, Ronny Bastos descobriu a nova moda da internet. Há mais ou menos um ano, o analista de sistemas de 23 anos já sondava o mundo das compras coletivas, que acontecia de uma forma já bem expressiva no sudeste do país. “Quando chegou por aqui, passei a investir. Mas é claro, eu sempre estou de olho nesses canais. Mas só compro quando preciso, e quando acho a oferta interessante, espalho para os meus amigos, para irem aos lugares comigo”, relata.

Fiel a três grandes sites que oferecem serviços, Ronny costuma comprar cupons para pizzarias, paintball, parques aquáticos e não perdeu a última oferta do Pittsburgh, com a proposta do sanduíche de um centavo. “Promoções interessantes, que dá para fazer com os amigos. Sem contar com os altos descontos. O maior que consegui foi 70%.”, completa.

A compra é coletiva e o prazer também. Tão certo que o publicitário Sidnei Oliveira comprou um jantar surpresa para a namorada. Ele não curte comida japonesa, mas ela sim. Revelando o valor do presente, a surpresa: o prato, para duas pessoas, sairia por R$ 92. Com a oferta, R$ 37. 

“Eu fiquei bem ressabiado no início. Porque a internet a gente tem uma tendência a não confiar. E eu não tinha o costume de comprar nada, e ainda ter que colocar senha, por ser cartão de credito, mas quando eu conversei com uns dois ou três amigos, e eles já tinham comprado, fiquei mais confiante. Fiz a primeira compra, beleza. Fiz a segunda compra, beleza. Agora fico lá pesquisando pra ver o que acontece. Porque deu certo, né?”, completa o rapaz, que ganhou mais pontos com a namorada.

Canais de Ofertas
Com a consolidação do modelo no Brasil, os sites de compras coletivas caíram nas graças dos internautas e confirmam a velha máxima de que a união faz a força, e nesse caso, os descontos, sendo difícil resistir a ofertas tão tentadoras. Eugênio Spíndola, marketeiro do Procuro Desconto, assegura que o fator tempo determina se a oferta é boa ou não. “Se a gente colocasse a oferta de um mês, provavelmente a pessoa ia entrar e falar assim ‘ah, será que eu compro ou não? Vou deixar pra amanhã’”, afirma.

O Procuro Desconto é um site de ofertas potiguar, que aderiu a moda e que, segundo Eugênio, não é apenas uma moda: veio para ficar. “Pelo caso de sucesso nos EUA, tudo indica que realmente não é um modismo. O primeiro grande site americano foi vendido com meses de existência por uma cifra maior do que US$ 1 bilhão. A gente já começa a ver compras, fusões e aquisições no Brasil, mesmo o segmento tendo pouco mais de um ano de existência. Enfim, é um modelo de negócio que já está transformando alguns empreendedores brasileiros, alguns pioneiros, em novos milionários da internet”, assegura.

De acordo com Eugênio, os produtos e serviços mais procurados são os relacionados a gastronomia e lazer. Com mais de 30 clientes cadastrados, o Procuro Desconto contempla uma procura cada vez maior em Natal, aumentando a medida em que as pessoas vão se acostumando a comprar pela internet, além da popularização da internet e das redes sociais. 

Numa pesquisa realizada pelo site foi constatado que o natalense não tem o hábito de comprar pela internet por medo do desconhecido. Contudo, os usuários perguntam aos amigos e/ou familiares se já tiveram a experiência da compra pela internet e, ao verem que é benéfico, compram a primeira vez por experiência e a partir disso passam a comprar com mais freqüência. Segundo Eugênio, a questão do modismo aconteceu por parte da abertura desordenada de vários novos sites sem um prévio estudo do ambiente econômico que ele encontraria. “Por isso ocorreu um boom das compras coletivas”, conclui.

A tendência atual é dos sites de compras coletivas é a de se especializarem em determinados mercados, como é o caso do Deguste Aqui. Site potiguar pioneiro, lançado em dezembro do ano passado, o seu conteúdo é mais voltado para promoções gastronômicas, apesar de não se restringir a isso. Washington Rodrigues, dono do canal, coloca que cada vez mais usuários confiam na internet e se tornam compradores fiéis. Com milhares de usuários cadastrados, o proprietário vê o crescimento do site como um fator de evolução da sociedade dentro de uma nova percepção de compras.

“Por meio da revista e portal do grupo Deguste, o canal prevê descontos especiais de 50% a 90% em produtos e serviços diversos, principalmente em estabelecimentos comerciais como restaurantes, salões de beleza, serviços médicos, clínicas de estéticas, spa’s, hotéis e academias de ginástica”, apresenta o diretor comercial Luís Benício.

De acordo com Luís Benício, essa é uma oportunidade vantajosa tanto para quem compra quanto para quem anuncia. “É uma promoção real, sem maquiagem. Os estabelecimentos que anunciam recebem uma grande visibilidade e potencializam seu poder vendas por causas das promoções” afirma Luís Benício. Ele diz que cada vez mais as pessoas estão interessadas nesse tipo de sites. Em setembro de 2010 foi divulgado pelo Ibope que 5,6 milhões de brasileiros fizeram compras nesse tipo de sites. Em outubro do mesmo ano o número aumentou para 7,4 milhões de pessoas que acessaram o serviço. “Natal não será diferente. Estão aparecendo cada vez mais pessoas interessadas” comenta Benício.

Por acreditar que a compra coletiva não é coisa apenas do momento, a Deguste Aqui pretende oferecer o serviço também em outras cidades. Segundo ele, esse crescimento deve ser planejado porque o segmento apresenta uma forte concorrência. “Acredito que no futuro poucos sites de compra coletiva vão sobreviver. Li recentemente numa revista uma matéria dizendo que apesar da febre cerca de 25% dos portais que entraram em funcionamento no ano passado já encerraram as atividades. Isso mostra que não é fácil atuar nesse ramo”, argumenta.

Ainda segundo Benício, a coisa parece simples mais na verdade não é, pois implica em buscar boas parcerias, ter estratégias de marketing para divulgar as promoções, acompanhar sistematicamente o movimento dos principais concorrentes, ter uma canal de comunicação permanente com os clientes para responder aos questionamentos deles, e a logística requer uma dinâmica de atuação muito abrangente e eficiente.

Ofertantes
Você teria coragem de oferecer na internet um serviço ou um produto com um grande desconto? Pense bem antes de responder, e analise a opinião de cada um dos seguintes empresários. Dos 10 empresários entrevistados, todos se mostraram favoráveis ao novo modo de oferecer serviços.

Percy Medeiros, dono do salão Percy Cabelereiros, garante que o sucesso  nas vendas é eficaz e impressionante. “Muitas pessoas aparecem, fazem o serviço, gostam e se tornam nossas clientes. Aliás, quando alguém entra por nossas portas já é tratado como um cliente”, diz. Segundo ele, o foco é divulgar novos conceitos de moda e apresentar o melhor serviço para que o cliente se sinta bem e retorne.

“Não adianta pechinchar, ter lucro, pagar o site pelo serviço de divulgação e não mostrar o prestígio do salão, com um bom atendimento e um trabalho bem feito”, afirma Percy. Para ele, os sites de compras coletivas só contribuem para o crescimento do negócio, com uma divulgação eficaz e uma boa oferta de serviços.

Não muito diferente, a cabelereira Anna Maria de Mello, conhecida como Anninha, está há quatro décadas no ramo e tem visto o seu salão crescendo e o lucro aumentando, pois os clientes se apaixonam pelo serviço e retornam para fazer outros tratamentos. “Para pessoas vaidosas, que gostam do que é bom, a baixos preços, uma oferta de desconto é tudo na vida”, graceja. “E o detalhe, é que as pessoas já vêm para cá felizes, já satisfeitas com o serviço antes de experimentá-lo. Pelo menos é isso que elas irradiam para mim”, completa.

Segundo Anninha, o serviço de vendas através dos sites de compras coletivas dão liberdade para o cliente e o deixam decidir o que fazer sozinho na frente do computador. “Eles não têm muito tempo, por isso decidem logo, porque se pensarem muito perdem a promoção”, diz.

O caso mais conhecido de sucesso em vendas através da internet é o do Pittsburgh. Por ocasião do aniversário de um ano do Peixe Urbano, a empresa foi escolhida no RN para fazer a festa dos consumidores. O sanduíche de um centavo agregou 20 mil clientes, que atenderam também ao processo de compra agregada. “As pessoas foram, participaram da promoção e tiveram acesso a escolher e conhecer outros produtos, o que foi bem lucrativo para o estabelecimento”, afirma Filipe Lopes, gerente de marketing do Pittsburgh.

Segundo Filipe, a iniciativa foi excelente para a empresa, uma vez que o nome Pittsburgh se tornou ainda mais conhecido em meio às redes sociais, sendo cogitado em diversas mídias, o que melhorou ainda mais a imagem da empresa. “Foi proveitoso. Acreditamos muito nessas nova tecnologia, e sabemos que isso tende a ser o futuro das vendas de serviços e produtos e da publicidade em massa”, finaliza.

Dicas de um economista
Muitas pessoas não sabem como comprar e se perdem em meio ao desejo compulsivo de comprar. Para nos ajudar a como fazer compras em sites coletivos de maneira consciente e segura, o economista e professor Zivanilson Silva, traz algumas dicas e conselhos de como e quando fazê-lo.

Olhando as ofertas de grande sites, vê-se que algumas não são somente para a cidade. Aí está a primeira dica: Observe bem se, efetivamente, as ofertas em outras cidades não são disponíveis para você também.
A segunda dica está na questão preço: analise o preço das ofertas e veja se está efetivamente barato, pode acontecer em alguns casos de que ofertas não estejam com um preço tão bom.

A terceira dica é: olhe com muita atenção as regras de uso. Alguns serviços não podem ser usados aos finais de semana, ou tem uma limitação de cupons por visita.

A quarta e última se resume a ver se o estabelecimento realmente comporta a quantidade de pessoas que compraram. Imagine uma churrascaria que anuncia no peixe urbano e vende 10.000 cupons. Agora imagine que nas regras está que você deve fazer uma reserva para usar o seu cupom, e mais, que o cupom tem validade de 2 meses. Será que você vai conseguir usar a oferta?

O economista adverte para o consumo compulsivo. “As pessoas podem acabar comprando coisas que não precisa, e o que parece barato todo dia acaba fazendo um estrago no orçamento no fim do mês”.

Como funciona?
O serviço funciona da seguinte forma: no primeiro momento as pessoas olham as promoções que duram de 24h a 72h e compram, depois de realizar um cadastro, por meio de cartão de crédito no próprio site - seja por débito, crédito ou transferência bancária - e aguarda o prazo de um dia. Para a promoção ser válida, precisa ter um número mínimo de pessoas comprando. 

Depois disso, a pessoa receberá via e-mail o seu cupom, que tem um código autenticado pelo site. Após esse processo, o cupom que dá acesso ao produto ou serviço, deverá ser impresso e levado até ao estabelecimento. É importante acompanhar as instruções do regulamento, porque o cupom terá validade a partir do que for divulgado. A promoção pode ter o prazo de 50 dias ou de até seis meses.

Entrevista “Julio Vasconcelos - Peixe Urbano”

Em entrevista exclusiva, o sócio-fundador e CEO do Peixe Urbano Brasil, Júlio Vasconcelos, esteve em Natal a convite da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas para palestrar sobre o sucesso do site de compras coletivas no Brasil na 15º edição Convenção de Comércio e Serviços do RN.

Formado em finanças e marketing pela Wharton, Vasconcelos morou por cinco anos no Vale do Silício, pólo mundial da internet e do empreendedorismo, onde fez um MBA na Stanford University e trabalhou em um canal de redes sociais americano.

O jovem empreendedor contou sobre o nascimento do maior site de compras coletivas do Brasil, o Peixe Urbano e explicou o processo de desenvolvimento e os futuros projetos da empresa, dando uma lição de empreendedorismo.

Como surgiu a idéia de criar um site de compras coletivas no Brasil?
A ideia de criar um site de compras coletivas surgiu do meu tempo de trabalho na Califórnia, no Vale do Silício. Trabalhava lá com redes sociais e criação de aplicativos, e essa febre que está acontecendo agora aqui no Brasil já ocorria nos EUA. E eu atentei para isso como um bom caminho de aposta, eu queria abrir um web negócio. O Brasil é um país de pessoas que gostam de descontos e não seria difícil implantar um sistema como esse por esses lados. A pessoa compra a promoção e decide compartilhar com os amigos.

O investimento para que o negócio desse certo foi alto?
O nosso maior investimento foi o nosso tempo. Investimos apenas R$30 mil para alavancar o site. Muitas pessoas se interessaram pelo modelo e quiseram investir também.

Qual a marca de usuários e volume de vendas que o Peixe Urbano já alcançou?
Temos crescido aburdamente. Mais de 10 milhões de usuários, em mais de 60 de cidades no Brasil. Já chegamos na Argentina e nos estabelecemos em duas cidades. A proposta é essa, de crescermos cada dia mais. Desde o começo já vendemos seis milhões de cupons e geramos R$400 milhões em economia. Além de precursores, somos líderes no Brasil e estamos em terceiro lugar na Argentina.

E quanto a concorrência do Groupon, como vocês encaram isso?
A nossa equipe tem 600 funcionários. Cada cidade tem a sua equipe. O nosso marketing é muito a propaganda “boca a boca”. As pessoas ajudaram a acelerar o crescimento do canal. Com mais de mil sites concorrendo conosco, vemos uma consolidação da indústria de compras coletivas. Mas muitos não têm a visão empreendedora e acabam falindo, desistindo ou vendo que aquele não era bem o negócio que eles queriam para eles. Quanto à concorrência do grande inventor, o Groupon, aqui no Brasil, não temos sido prejudicados. O modelo internacional deles traz desvantagens, pois não há adaptação ao mercado local. 

Temos que ter o foco e o apelo ao mercado brasileiro, por isso estamos com mais de três milhões de usuários à frente do Groupon. O Peixe Urbano é líder com uma larga margem de espaço no Brasil. Mesmo com um concorrente com muito dinheiro, e que investe em marketing e propagandas em televisão e rádio, nós conseguimos manter a liderança, pois temos um marketing pessoal muito forte. As pessoas gostam e não deixam de espalhar a notícia.

Quais são os futuros projetos do Peixe Urbano?
Queremos alcançar toda a América Latina, sabendo que esse negócio tende a crescer a cada dia que passa. Crescemos mais nos últimos três meses do que em todo o nosso primeiro ano. E crescemos mais no último mês de maio do que em quaqluer um dos meses anteriores. Então, sabemos que temos muito para crescer. Queremos ir para mais cidades brasileiras e sair para outros países continentais. E queremos melhorar também as ofertas atuais, sempre trazendo novidades para os nossos clientes. Eles devem ser o foco e eles são o foco da nossa empresa. Por isso temos evoluído tanto.