O homem se lambuzava com a gordura dos pedaços desperdiçados que não entravam em sua boca. Com a coxa de frango presa por suas mãos e dentes, se servia sem piedade arrancando as carnes dos trabalhadores que lhe serviam dez horas por dia, seis dias por semana, fazendo de seus negócios produtos competitivos no mercado.
Enquanto se escarnecia dos pedaços que caiam no chão, curtindo os sabores que entravam em sua boca, o homem consumia as calorias dos corpos de cada um dos seus servidores, que dormiam apenas para repor energias e que em seus momentos de lazer consumiam, das vestimentas de marca que eles mesmos produziam à cultura vazia que lhes hipnotizava.
O homem apenas não sabia que tinha também suas carnes dilaceradas. Enquanto não fazia o que realmente queria, talvez porque ignorava o seu querer por nunca ter aprendido que poderia querer diferente, gerenciava seus negócios, e servia a um sistema que lhe fazia de coxa de galinha.
A cada noite se fartava de sua refeição e preparava prazerosamente seu coração cheio de gordura para o infarto. A cada noite, após chupar o osso e extrair todo seu suco, selava seu ritual com um arroto que avisava o resto de seu corpo sobre a digestão pesada no organismo-máquina, que consumiu mais do que deveria.
Tony Budnikas
Nenhum comentário:
Postar um comentário