sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Acredite:"seu mestre mandou" criticou Programa Nacional de Direitos Humanos
No Bom Dia Brasil e no Jornal Nacional de hoje, mal pude crer no que se estava falando ali sobre Programa Nacional de Direitos Humanos, assinado pelo Presidente da República. Para virar lei, o Programa ainda terá que passar pelo Congresso. Mas antes disso, um bombardeio midiático feito pelos grandes órgãos de imprensa está sendo feito, isso porque se sentem ameaçados por causa de alguns preceitos do Programa, um deles remete às empresas de comunicação.
O capítulo do Programa sobre a Comunicação Social é o seguinte: fiscalização Federal quanto ao conteúdo, com ênfase no cumprimento do papel social que lhe cabe .
Pois bem, no Bom Dia Brasil, a primeira chamada foi exatamente sobre esse assunto. A linha editorial certamente pressionou o âncora Renato Machado. Logo este pediu para Alexandre Garcia e uma morena que não sei quem é para discorrer sobre o assunto. Alexandre Garcia logo disparou: “é censura!”
Ora, ora, logo a globo que apoiou a censura na época da Ditadura Militar. Aliás, sempre quando tem uma mobilização de grandes dimensões a Globo não se importa. Assim foi no movimento de Diretas Já!, em que todos os canais de TV transmitiam a passeata que reuniu mais de 1 milhão de pessoas nas ruas de São Paulo, menos a Globo. Apenas quando percebeu que não podia ficar de fora, se aliou a sociedade civil e passou a transmitir, habilidosa não? Sempre foi assim (Ditadura, Collor, Lula). Mas isso é outra história, voltemos ao caso de interesse do Bom Dia Brasil.
“Falou-se em organização, mobilização, amplo debate e participação popular, será mesmo? Alguém aí ouviu falar nesse tal de Programa Nacional de Direitos Humanos?”, questionou Alexandre Garcia. Claro que ninguém ouviu falar mesmo, porque a razão disso foi a falta de divulgação por parte da grande mídia, pois fere seus interesses. O mesmo aconteceu com a Conferência Nacional de Comunicação (CONFECOM). Quando e como as pessoas ficaram sabendo da CONFECOM? Só quando William Bonner exibiu uma nota no Jornal Nacional criticando o evento, sob o mesmo discurso pronto e vazio de censura, embora em tom quase convincente característico do âncora. A tentativa de deslegitimar esses eventos democráticos é irresponsável. Não há como deixar de ver o sucesso desses encontros. A CONFECOM teve participação de delegados de todos os estados da federação representantes da sociedade civil, poder público e alguns corajosos e arrojados empresários da comunicação. Mais democracia que isso? Ainda no mesmo evento, 6 mil propostas sobre a comunicação foram levantadas e 1,5 mil ganharam corpo e foram para Brasília, um número desse de propostas mostra a emergência de se discutir o assunto, a grande mídia ignora.
“O Lula mete a caneta e nem lê os papéis direito, tava meio ocupado esses dias com a Conferência do clima e outras do gênero dessa daí dos Direitos Humanos” (leia-se CONFECOM), disparou mais uma vez Alexandre Garcia. O horror que a Conferência Nacional de Comunicação provoca não permite dizê-la no ar, para não dar asas ainda mais ao movimento.
Conselhos e fiscalização não representam censura
O Conselho de Comunicação avaliará o conteúdo emitido pelas emissoras, se elas estão cumprindo o papel social de que tanto falam. O Conselho de Jornalismo avaliará o trabalho do jornalista, se ele levanta questões de interesse público em suas matérias, também o cumprimento do papel social, alem de julgar atitudes com aquela do competente porem preconceituoso jornalista Boris Casoy.
Isso tudo não é censura. Censura é a proibição de veiculação de determinados assuntos, não uma orientação do que deve ser feito para o bem social.
A censura disfarçada e praticada
Uma empresa que se diz de comunicação social, mas não é digna desse nome por não abraçar tal causa. É assim que a dona do Brasil pratica sua censura ao abominar o Programa Nacional de Direitos Humanos, a CONFECOM e seus preceitos, estes que garantem uma liberdade maior para o cidadão elaborar conteúdos e escolhe-los por meio da criação de novas redes públicas de Rádio e TV. Uma possível maior opção dos telespectadores em escolher o que querem ver e a concorrência são os grandes calos da Rede Globo. Ela prefere maquiar e moldar a realidade com suas novelas e programas do tipo BBB e Estrelas, mostrando uma vida fútil regrada a bens materiais e corpos sarados, o que não é bem o estilo de vida da maioria dos brasileiros. Aquele que não se enquadrar que sofra de crise existencial.
Cercear a criação de novos canais, desestimular a iniciativa de produção independente de conteúdo e não mostrar a pluralidade de cultura, pensamento e idéias no nosso país é um desserviço à sociedade. A Globo censura o resto do país e o interesse público.
Por fim, o que não convencerá mais, será o discurso bem feito de seus preparados jornalistas, principalmente quando deslegitimarem os novos paradigmas da comunicação, esta que pede socorro no Brasil.
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