Por O Globo
E o racismo aflorou mais uma vez nas redes sociais. Na noite do dia 12 de maio, uma torcedora do Flamengo-RJ se exaltou em posts no Twitter em comentários sobre a partida em que seu time perdeu para o Ceará e foi eliminado da Copa do Brasil. A cada passe errado dos jogadores, o que confirmava a saída do time carioca da competição, o perfil @_AmandaRegis utilizava o microblog para emitir suas opiniões. Em um dos posts, fez declarações preconceituosas: "Esses nordestinos pardos, bugres, índios acham que tem moral, cambada de feios. Não é atoa que não gosto desse tipo de raça".
A princípio, a derrota do Flamengo eclipsou o racismo da internauta. Mas ela teve uma surpresa ao acordar nesta quinta-feira (12) e ver que seu nome figurava entre os temas mais comentados no Twitter, os Trending Topics. Perdia apenas para o marcador #orgulhodesernordestino.
Diante da saia justa, a jovem apagou o post polêmico e publicou um pedido de desculpas em seu perfil no início da tarde de hoje: "Meu Deus gente, agi por impulso por causa do Flamengo, não tenho nada contra nordestinos... desculpa aí galera. JAMAIS DEVERIA TER FEITO ISSO". Em dois posts seguintes, declarou: "... agora vou assumir as consequencias. ):" e "vou sumir daqui por um bom tempo".
A revolta pelo comentário racista mobilizou twitteiros na rede. O perfil @Zarchai dizia: "Quem quiser denunciar a @_AmandaRegis pelo crime de racismo, me pede o print que eu tenho. Batsa manadar email para denuncia.ddh@dpf.gov.br". As acusações chegaram a OAB do Ceará, que prometeu levar à denúncia ao Ministério Público.
O caso de Amanda relembra o da estudante de Direito Mayara Petruso, que, após responsabilizar os nordestinos pela vitória da presidente Dilma Rousseff de forma racista, foi indiciada pela Polícia Civil de São Paulo e perdeu a vaga de estágio em um escritório de advocacia. Mesmo sem uma legislação específica sobre atos semelhantes em redes sociais, o professor de Direito Civil da UERJ, Carlos Edison Monteiro, avalia que Amanda pode responder por crime de racismo:
- Avaliando pelo crivo jurídico, há um conflito de valores neste caso. Se por um lado a lei assegura a liberdade de expressão, por outro a cidadã comete um ato ilícito, pois extrapola esse direito, ofendendo uma coletividade com opiniões racistas. Essa conduta não é tolerável - esclarece.
Amanda pode responder por crime de racismo ou injúria racial. A pena varia de prestação de serviços à comunidade até dois anos de reclusão.
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