domingo, 17 de agosto de 2014

Eduardo Campos - Só Deus sabe



Me disseram que imagens sem legendas são aquelas que nos fazem refletir. Fui cético e resistente para aceitar isso, por acreditar que tudo tinha uma explicação. Mas estas que aqui estão me desarmaram e me fizeram crer que as explicações só Deus pode dar.

sábado, 10 de maio de 2014

Maria das Dores voltou a estudar

Foto: Leandro Cunha/celular

Essa da foto acima é Maria das Dores, faxineira da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.

Parou de estudar em 1984 e agora não larga os livros.

Está no 1° ano do Ensino Médio e a matéria que mais gosta é Biologia. Pretende fazer o Enem para entrar na faculdade, mas não sabe qual ainda.

Deputados da casa que sempre passam pelo setor de comissões, onde Maria das Dores trabalha, são apenas elogios à esforçada senhora.

O voluntário da copa e a hipocrisia

Por Fernando Amaral

Você que se inscreveu para trabalhar como voluntário na Copa, alguma vez foi voluntário para varrer sua rua?

Em algum momento se voluntariou para dar apoio as famílias cujos parentes estão num corredor de hospital?

Você depois da Copa, pretende continuar a doar parte de seu tempo em prol da escola do seu bairro?

Ou você só é voluntário em eventos que salpicam glamour?

Me parece que você voluntário da Copa, não tem a menor ideia do que é servir ao próximo.

domingo, 30 de março de 2014

Dois pesos, duas medidas

Por Rodrigo Viana/Revista Imprensa Ed. 298

E foi-se Santiago, repórter cinematográfico que fez uma nação gritar em torno de sua morte bestial, horrorosa e desprezível.

Tão desprezível quanto o silêncio quase geral sobre a omissão da empresa de comunicação em que ele trabalhava em torno do fato. Por que a emissora não disponibilizou máscaras de gás, colete, um assistente e outros requisitos básicos de segurança para o profissional?

Há alguns meses, o mesmo grupo de comunicação abarrotou seus intervalos comerciais com um editorial apoiando os 12 corintianos presos injustamente (?) na Bolívia, acusados de morte do garoto Kevin Spada. Os 12 foram soltos, o garoto morreu e os pais choraram no meu ombro. Literalmente. Estive lá, entrevistei a família e chorei junto. Os criminosos da torcida organizada já brigaram outras vezes, invadiram o CT do Corinthians, ameaçaram outras pessoas de morte e nada. Nada aconteceu.

Nada aconteceu também com o filho do empresário Eike Batista, que, em alta velocidade, atropelou e matou um homem no Rio de Janeiro em 2012. Não ficou preso um dia sequer. Foi condenado e sua pena - dois anos de prisão - foi convertida em serviços comunitários. Devo dizer que o filho do empresário também pagou uma multa de um milhão de reais. E todas, todas as grandes emissoras de televisão calaram sobre o assunto.

No começo de fevereiro, o jogador de futebol do Cruzeiro, Tinga, foi vítima de racismo num jogo do clube mineiro no Perú. A gritaria, novamente, foi geral. Mas será que o grito contra o racismo do dia a dia aqui no Brasil é o mesmo?

Lembro-me da tragédia do Morro do Bumba, em Niterói, no ano de 2010. Morreram 267 pessoas na favela construída sobre um lixão. Somente 48 corpos foram encontrados, a maioria gente de raça negra ou miscigenada, nordestinos e imigrados de zonas de extrema pobreza. A quem interessava divulgar, procurar culpados, encontrar os corpos?

Vou deixar a história mais clara.

Em janeiro de 2012, na boate Kiss em Santa Maria, 233 jovens morreram em incêndio. Eram de classe média ou alta, numa região de predominância branca, de etnia italiana ou alemã. Nesta segunda tragédia, os jornais pediram insistentemente a apuração imediata das responsabilidades. É preciso parar para pensar sobre o tratamento que a mídia dá aos relatos de eventos escandalosos e brutais que atingem os cidadãos, independentes de serem ricos ou pobres ou de trabalharem no governo, numa construção, na padaria ou numa emissora de televisão.


Só se não for brasileiro nessa hora

Por meio desta canção, seria o momento de homenagear e reconhecer o que esses caras fizeram ao cantar a cultura do Brasil. Mas vamos de Claudinha Leite, Alexandre Pires e a "brasileiríssima" Shakira. Brasil já perdeu essa copa.

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sábado, 8 de março de 2014

Mulher, por Geraldo Azevedo

Eu sou a mãe da praça de maio
Sou alma dilacerada
Sou Zuzu Angel, sou Sharon Tate
O espectro da mulher assassinada
Em nome do amor
Sou a mulher abandonada
Pelo homem que inventou
Outra mais menina
Sou Cecília, Adélia, Cora Coralina
Sou Leila e Angela Diniz
Eu sou Elis

Eu sou assim
Sou o grito que reclama a paz
Eu sou a chama da transformação
Sorriso meu, meus ais
Grande emoção
Que privilégio poder trazer
No ventre a luz capaz de eternizar
Em nós sonho de criança
Tua herança

Eu sou a moça violentada
Sou Mônica, sou a Cláudia
Eu sou Marilyn, Aída sou
A dona de casa enjaulada
Sem poder sair

Sou Janis Joplin drogada
Eu sou Rita Lee
Sou a mulher da rua
Sou a que posa na revista nua
Sou Simone de Beauvoir
Eu sou Dadá

Eu sou assim...

Ainda sou a operária
Doméstica, humilhada
Eu sou a fiel e safada
Aquela que vê a novela
A que disse não
Sou a que sonha com artista
De televisão
A que faz a feira
Sou o feitiço, sou a feiticeira
Sou a que cedeu ao patrão
Sou a solidão

Eu sou assim

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Show do Guns N' Roses é confirmado em Pernambuco ; confira data e venda de ingressos

Acabou a agonia. Uma das bandas de rock mais queridas do cenário mundial dos anos 1990 virá ao Brasil mais uma vez, e desta feita acontecerá algo inédito: o Guns N' Roses irá atracar por aqui pelo Nordeste, mais precisamente nas cidades de Olinda e Fortaleza.


Os produtores do Chevrolet Hall confirmaram, nesta sexta-feira, o show da banda norte-americana Guns N' Roses em Pernambuco. A apresentação será no dia 15 de abril, no próprio Chevrolet Hall.  O show está previsto para às 22h, mas os portões abrem às 20h.

Os ingressos custam R$ 240 e R$ 120 (meia), para a pista, R$ 700 e R$ 350 (meia), para a pista premium, e R$ 600 para o Camarote Hall, com open bar. Os camarotes vão de R$ 5 mil a R$ 8 mil. As vendas começam na terça-feira (25), na bilheteria da casa. Mas os membros do fã-clube oficial podem comprar a partir da segunda-feira.

A outra parada no Nordeste é em Fortaleza, no Ceará, no dia 17 de abril.

A turnê 2014 já tem sete apresentações anunciadas oficialmente no Brasil. O grupo liderado por Axl Rose vai passar pelo Rio de Janeiro, na HSBC Arena (20/03), Belo Horizonte, Esplanada do Mineirão (22), Brasília, no Nilson Nelson (25), São Paulo, no Anhembi (28), Curitiba, no Estádio Durival Britto (30), Florianópolis, no Devassa on Stage (1º/04) e Porto Alegre, no Pavilhão da Fiergs (3/04). Depois do Brasil eles seguirão para o Paraguai e a Argentina.

A última vez que o Guns N’ Roses veio ao Brasil foi há três anos, para apresentação no Rock in Rio. A banda liderada por Axl Rose - único integrante da formação original - tem quase 30 anos de formação. O último disco foi Chinese democray, em 2008. Atualmente, a banda é formada por DJ Ashba, Ron “Bumblefoot” Thal e Richard Fortus como guitarristas, Dizzy Reed no piano, Tommy Stinson como baixista, Chris Pitman no teclado e Frank Ferrer na bateria.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Alceu Valença disponibiliza disco novo no YouTube

Por NE10

Alceu Valença disponibilizou na íntegra o seu novo disco: Amigo da arte. O material, uma compilação de canções de ritmos carnavalescos, pode ser acessado gratuitamente no canal oficial do artista no YouTube, que pode ser acessado no link https://www.youtube.com/watch?v=CanCrBP6ozk&list=PLTaRWr5sdDvmx6Zeq_-sejfEoje617Dt3.

As 13 faixas do novo disco do pernambucano reúnem sucessos como O Homem da Meia Noite, Voltei Recife, Sou eu teu amor e Olinda. Alceu lançou oficialmente o trabalho com um show realizado no Rio de Janeiro, no último final semana.

Durante o Carnaval, ele se apresentará em vários polos espalhados na Região Metropolitana do Recife e, como tradição, fecha o Carnaval do Recife, no Marco Zero, na Terça-Feira Gorda.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Abaixando a máquina: o ato que tem vários significados no jornalismo brasileiro


A cena de Santiago Andrade abaixando a máquina devagar até deixá-la no chão antes mesmo de cair em solo após ser atingido por uma bomba jogada na cabeça dele por um rapaz insano durante uma manifestação no Rio de Janeiro contra o aumento das passagens de ônibus da cidade na semana passada mostrou-se bem poética.

Imaginamos em situação normal que quando somos atingidos por algo, principalmente na cabeça, deixamos de nos importar com as adjacências ao redor devido, logicamente, pela gravidade do acontecimento.

Acontece que com Santiago Andrade, então repórter cinematográfico da Band, foi diferente. Antes de cair no chão, quem alcançou o solo primeiro foi a máquina. A ação nos leva a reflexão do campo jornalístico, tais como:

- o profissionalismo de Santiago, pois mesmo sendo atingido o repórter tentou não fazer movimento brusco com as mãos na câmera. Como repórter cinematográfico sabe como ninguem o que não se deve fazer para produzir um material de imagens com qualidade. Preferiu colocar a câmera no chão primeiro, devagar, para depois se entregar ao solo.

- a condição financeira no jornalismo no Brasil. Os profissionais da área convivem com longas jornadas de trabalho, exposição a violência e baixa remuneração. Ao colocar a câmera no chão de maneira lenta, percebeu-se precaução no ato. Comprar outro equipamento custaria uma fatia significativa de seu ordenado.

Nem todos teriam esse autocontrole, ainda mais numa situação tão desesperadora.

Santiago Andrade morreu hoje no início da tarde.

Abaixando a máquina: ética, dor e rojão na cabeça

Feliz daquele que abaixa a máquina por motivos éticos e morais, ao contrário de alguns que têm de fazer isso forçadamente ao receber um rojão na cabeça.

Julia Lipnitskaia, 15 anos e a "Lista de Schindler"

Todos somos eternos e nunca vamos envelhecer

Hoje eu estava na fila de Casa Lotérica de um supermercado. Alem da fila normal, existia a fila exclusiva de prioridades com dois guichês.

Normalmente quando a funcionária chama o próximo da fila das prioridades e as prioridades não existem no momento, ela chama o próximo da fila normal ou mesmo o cidadão se dirige ao guichê ao perceber a referida ausência.

Até aí nada de anormal.

Num certo momento, uma funcionária que estava em um dos guichês destinado a prioridade fala ao microfone:

- próximo...

Após a informação/solicitação da funcionária, eis que um homem de meia idade e ainda no meio da fila, repete apressado:

- vai, vai, vai!

O recado era para o primeiro da fila normal. Mesmo tendo uma idosa na vez, o líder do comboio ao qual me encontrava foi até o guichê livre, numa ação feita mais por medo ou querer atender a vontade do outro homem do meio da fila do que por falta de educação.

Coerente, a funcionária da Lotérica não atendeu o rapaz, dizendo que tinha gente na vez.

O rapaz voltou "todo errado" para o lugar de origem.

E para quem pensou que a revolta foi a pressa do homem do meio da fila e seu desejo quase atendido em detrimento das necessidades de uma idosa, se enganou. Após o episódio, outro cara na fila solta a pérola:

- Isso é um preconceito né? Com a gente da fila normal...

Até parece que todo mundo é eterno e ninguem vai envelhecer um dia.


sábado, 8 de fevereiro de 2014

Edifício Master: Eduardo Coutinho era atento aos problemas das grandes cidades


O documentário Edifício Master, de Eduardo Coutinho, morto a facadas pelo próprio filho semana passada, foi uma das indicações de alguns professores do curso de jornalismo da UFRN, mas apenas recentemente tive a oportunidade de ver.

Pelos comentários de outrem e de teasers, imaginava eu que a obra versava sobre um condomínio populoso em que pessoas nem sequer se falavam, apesar das pequenas distâncias entre as portas de seus apartamentos. Também imaginei solidão, depressão e outras doenças.

Tudo que pensei realmente tinha no conteúdo da obra. Tinha tudo isso e mais um pouco. O documentário revelou que a multidão que vive na pouca distância espacial entre uma pessoa e outra, tem diferentes histórias pessoais. Cada um tem uma história de vida. Uma é prostituta, outra já tentou se jogar, um homem que viveu nos Estados Unidos, mora sozinho e é culto, uma mulher que não gosta de dividir o elevador com ninguem, estudante pré-vestibular vinda do interior e até famílias..são alguns dos exemplos de pessoas que vivem num mesmo condomínio.

Em um emblemático prédio de Copacabana, a uma esquina da praia, moram cerca de quinhentas pessoas. O Edifício Master, que dá nome ao documentário, tem doze andares, vinte e três apartamentos por andar e, ao todo, duzentos e setenta e seis apartamentos conjugados.

O cineasta Eduardo Coutinho e sua equipe alugaram um apartamento no prédio por um mês e, durante sete dias, filmaram a vida de seus moradores. Trinta e sete deles são personagens deste documentário que apresenta um retrato complexo e lúcido da vida urbana no Brasil.

A produção reúne depoimentos de pessoas comuns que revelam à câmera seus dramas, sonhos, sentimentos íntimos e, em muitos casos, a solidão. Os moradores de diversas origens e idades contam sua rica história de vida.

Ao mostrar a rotina da vida privada na cidade grande em que os apartamentos são o último reduto da individualidade, o documentário destaca que apesar de habitarem no mesmo local, os moradores raramente se veem, não se conhecem e muitos nem sabem da existência dos outros. O fato de viverem em um mesmo lugar não garante que o senso de comunidade é formado.

O filme “Edifício Master” conquistou o prêmio de melhor documentário no Festival de Gramado e no Festival de Havana, além de outras premiações nacionais e internacionais.

Confira o documentário completo

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Jogo difícil ficando fácil nos pés de alguns

Me surpreendeu a dinâmica de jogo para a época. Só não surpreendeu o futebol de uns peladeiros aí como Pelé, Zagallo, Didi e um cara de pernas tortas.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Pecado Capital

O homem se lambuzava com a gordura dos pedaços desperdiçados que não entravam em sua boca. Com a coxa de frango presa por suas mãos e dentes, se servia sem piedade arrancando as carnes dos trabalhadores que lhe serviam dez horas por dia, seis dias por semana, fazendo de seus negócios produtos competitivos no mercado.

Enquanto se escarnecia dos pedaços que caiam no chão, curtindo os sabores que entravam em sua boca, o homem consumia as calorias dos corpos de cada um dos seus servidores, que dormiam apenas para repor energias e que em seus momentos de lazer consumiam, das vestimentas de marca que eles mesmos produziam à cultura vazia que lhes hipnotizava.

O homem apenas não sabia que tinha também suas carnes dilaceradas. Enquanto não fazia o que realmente queria, talvez porque ignorava o seu querer por nunca ter aprendido que poderia querer diferente, gerenciava seus negócios, e servia a um sistema que lhe fazia de coxa de galinha.

A cada noite se fartava de sua refeição e preparava prazerosamente seu coração cheio de gordura para o infarto. A cada noite, após chupar o osso e extrair todo seu suco, selava seu ritual com um arroto que avisava o resto de seu corpo sobre a digestão pesada no organismo-máquina, que consumiu mais do que deveria.

Tony Budnikas