Na Solenidade de abertura do I Encontro da História da Mídia do Nordeste na noite desta quinta-feira (13), o Auditório da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM) da UFRN estava lotado, não só por se tratar da abertura do evento, como também da expectativa da participação de algumas pessoas que iam dar uma palavra sobre o encontro na mesa de debates. Isso porque estavam designados a falar: Valquíria (professora da UFRN e coordenadora do evento), Edna Silva, Ceiça Fraga, Marialva Barbosa (Presidente da ALCAR), Thyago Mathias (representante do programa Globo Universidade) e Maria Cristina da Mata (Professora da Universidade de Córdoba-Argentina). Sem falar num ilustre ouvinte, José Marques de Melo, referência no estudo do Jornalismo.
Thyago Mathias, falou o motivo do Globo Universidade estar ali. “Eu fui provocado por Valquíria, e por isso vim. O GU depende dessas provocações para mostrar a importância da produção universitária para a sociedade”, disse. Já a Presidente da ALCAR, Marialva Barbosa, ressaltou a necessidade de encontros como esse. “O primeiro na região Nordeste dá impulso para que as discussões sobre mídia ganhe corpo e assim possamos ser mais críticos sobre o assunto”, disse Marialva.
A noite de abertura chegou ao ápice com o início da palestra da professora argentina Maria Cristina da Mata. Ele discorreu sobre o problema da radiodifusão em seu país. A exemplo do Brasil, a Argentina tem os meios de comunicação nas mãos de alguns poucos agentes, que retrata apenas uma visão que quer ser dada sobre a realidade, sem apresentá-la genuinamente.
Maria Cristina começou sua fala, dizendo que debater sobre a relação dos meios de comunicação no espaço público representa para ela um desafio. “O processo de democratização não pode ficar separado da emergência da compreensão da midiatização”, disse. Ela ressaltou ainda que há uma necessidade de romper a centralização da mídia para mostrar outras potencialidades sociais. “Ir contra a hegemonia política-cultural e sua ideologia representada por meios simbólicos é uma forma mostrar o lado mais humano”, disse Maria Cristina.
A partir daí, de forma cronológica, Maria Cristina contou como se deu o processo de democratização dos meios de comunicação no seu país. Isso só pôde acontecer, segundo ela, graças a consciência do povo argentino que reconheceu a falta de visibilidade do público e sua vida real. Para Maria Cristina, houve uma “insatisfação comunicacional” e não corrobora que o ser media é totalmente mediatizado por esses meios, caso contrário, não desenvolveria esse lado crítico.
O processo se deu da seguinte forma:
Em 2004 – coalisão dos intelectuais para uma democratização da radiodifusão e do direito a informação
Em 2008 – situação começou a ficar favorável com a briga da presidente com a imprensa, ela reconheceu que a legislação da radiodifusão é antidemocrática e tem vigência em leis da ditadura, pedindo assim uma elaboração de um projeto de lei para mudar isso.
Em 2009 – muita divulgação e 24 fóruns espalhados pelo país junto a sociedade para construir o projeto de forma democrática. Assim que feito, o projeto chegou ao Congresso para depois ser aprovado em seguida.
Maria Cristina disse ainda que graças a mobilização social, antes nunca vista para o tema, foi crucial para a democratização da mídia na Argentina. No fim, Maria Cristina falou que é inegável reconhecermos a concentração dos meios de comunicação no mundo. “Por causa disso a importância da historialização para percebermos como eles se estabeleceram, e assim, termos argumentos questionadores”, disse.
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