domingo, 6 de março de 2011

Arquivo

Reproduzo um post do dia 15 de fevereiro do ano passado sobre a cidade de Olinda. Não só porque o dia de hoje será um dos mais animados na cidade histórica, como também é um dos posts que têm mais acessos aqui no blog.

Um pouco da história e da cultura de Olinda

Fala-se tanto no carnaval de Olinda, tradições, fantasias, ladeiras, cultura, e o próprio nome da cidade, mas não dá tempo de explicar como se deu tudo isso. Um pouco de história não vai fazer mal.
Em 1500, como sabemos, o litoral brasileiro foi explorado. Em 1501, mais particularmente, foi a vez do litoral pernambucano. Os portugueses exploraram a região em meio a ameaça de invasão por parte dos Holandeses. A partir disso, em 1530, uma organização foi montada para conter os inimigos. A lógica era: Governo-Geral (central), Capitanias Hereditárias e Vilas. A subordinação acontecia: capitania hereditária subordinada ao governo-geral e as vilas subordinadas a capitania hereditária e ao governo-geral. Todos tinham autonomia de governo, lógico sob a tutela do governo-geral.

A capitania de Pernambuco foi dada pelo governo português em 1534 a Duarte Coelho . Este tinha a função de administrar e denominar as vilas. E aí que nasce Olinda. Ao chegar na vila e avistar sua beleza disse: “Ó-linda situação para construir uma vila”. Mas o nome só foi oficializado após a expulsão dos holandeses de Olinda, que foi incendiada na batalha. Olinda foi reconstruída em meio às igrejas feitas pelos jesuítas que vieram catequizar os índios, pondo em prática as idéias da Contra-Reforma religiosa católica, que tinha discurso de inibir o crescimento do Protestantismo tão crescente na Europa.

Olinda não só cresceu por causa de suas igrejas, o dinâmico comércio feito por portugueses, negros africanos e até alguns remanescentes holandeses deu a Olinda tempos depois a condição de capital do estado de Pernambuco. Condição perdida logo em seguida para Recife em batalha e também por causa do forte comércio recifense, que tinha na tradição de comércio dos holandeses o cargo chefe com Maurício de Nassau.

Por causa desses acontecimentos, Olinda foi uma das principais cidades do período colonial, e sem exagero, uma das cidades que deu impulso ao início da nossa civilização. Nela, os ritos dos africanos escravizados estão presentes, também monumentos, irmandades católicas, grandes igrejas (de estilo barroco) e artesanato. Essas manifestações serviram de sustentação para o carnaval.

O carnaval tendo relação com religião, não teve apenas um tipo de protagonista, uma única cultura. Brancos portugueses e holandeses, ameríndios, negros e tantas outras culturas têm suas manifestações garantidas para serem mostradas nas ladeiras de Olinda. Culturas isoladas se juntaram para se tornar uma única cultura, a síntese do carnaval multicultural de Olinda.

Devido à mistura, é possível ver fantasias diversas, desde santas virgens a surfistas. E até Tutankamons, super-heróis, fredy Mercury prateados, que nada tem lógica com o tempo e geografia de Olinda. Mas o que importa é a irreverência, a brincadeira e a confraternização.

A mistura é também musical. Blocos e grupos tocam de tudo. Frevo, Maracatú, Axé, Mangue-Beat, Caboclinho e tantos outros que vier na cabeça.

O bloco mais tradicional é o Homem da Meia Noite. Neste horário na madrugada de domingo para segunda ele sai nas ruas de Olinda, em volta do público que o espera com ansiedade. O bloco foi criado em 1932 e até 1967 era o único da cidade. Em meio ao imaginário popular, simbolicamente o Homem da Meia Noite casou com a Mulher do Meio Dia e desse fruto nasceu o menino da tarde, que casou com a menina da tarde. A tradição foi se construindo por história em cima de história.

Em 1982, a UNESCO declarou Olinda como Patrimônio Cultural da Humanidade (material e imaterial).

Nenhum comentário:

Postar um comentário