sábado, 12 de março de 2011

Radiodifusão local,por favor


Na quarta-feira de cinzas (09) estava indo no ônibus de Recife para Natal , até que no meio do daquela tarde chuvosa, por não estar com sono, apesar do momento ser propício, decidi escutar música. Nada de MP3/4/5, eu queria mesmo era ouvir rádio. Mas o desejo era difícil de se concretizar, pois na estrada fica difícil sintonizar alguma estação FM. Acontecia porém de funcionar uma estação ali outra aqui, que desapareciam a partir do momento que movimentávamos e consequentemente o sinal daquela determinada rádio não podia alcançar.

Num certo momento, nenhuma rádio mais foi sintonizada. A vontade de escutar música era tanta que passei bem uns 40 minutos apertando aquele botão automático que fica louco a procura de emissoras. Até que na Paraíba parou em uma estação de radiodifusão.Não tinha música, mas fiquei feliz mesmo assim, tinha esperança de vida naquele deserto de BR, eram vozes de homens comentando alguma coisa. Tava com jeito de falar de futebol, falavam em perfomance, grupo, classificação, essas coisas. O sotaque nordestino era carregado nos comentários. 

Logo pensei: - Muito bom, devem estar falando sobre o futebol da Paraíba, vou deixar aqui.

Deixei porque gosto de futebol, porque estava curioso em saber o que se passa no futebol da Paraíba, ver se tem algum jogador conhecido, essas coisas. Mas para a minha surpresa não era futebol que os conterrâneos nordestinos estavam falando com tanta autoridade. Eles estavam comentando o processo de apuração de notas das escolas de samba do Rio de Janeiro.

Que decepção! E para aumentar a minha indignação, os caras eram entendidos da coisa. Falavam dos critérios, que escola “tal” fez melhor execução do referido quesito e houve até uma correção de um comentarista em relação ao companheiro. Falava-se em oito quesitos. O outro retrucou: - “É nove na verdade”.

Quero deixar claro que não tenho nada contra o carnaval carioca, muito pelo contrário, respeito qualquer tipo de manifestação cultural do Brasil. Mas o que certas emissoras fazem há mais de 40 anos com o povo brasileiro não são coisas benéficas. Subjugam uma cultura local para dominação ideológica. O processo de massificação é tal, que se determinados lugares e pessoas se não seguirem o padrão imposto se sentem excluídos de algum grupo. É o que faz uma pessoa do Norte, Nordeste ou Centro-Oeste vibrar e se emocionar pelo Flamengo-RJ, por exemplo.

O Brasil não é um país com cultura única. Aqui existem vários brasis, pessoas e cidades são diferentes entre si, não se pode unificá-las em desejo de um estilo de vida carioca. Chega de anos de subserviência.

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