segunda-feira, 12 de março de 2012

A par de um roubo e a inércia de quem sabe do ato

O ônibus chega. O tumulto é grande. O aperto e a rapidez com que as pessoas se movem constrói o cenário favorável aos ladrões roubarem objetos.

Segundos depois, uma menina senta ao meu lado e exclama agitada após abrir todos os zipers da bolsa: “Roubaram meu celular!”. Olhando para mim, tive a sensação que ele desconfiara de minha pessoa, o que foi desmitificado momentos depois. “Foi um rapaz que estava atrás de mim, senti minha bolsa se mecher e agora tava aberta”, disse indignada a garota.

Fiquei com raiva por ela. “Como é que isso acontece dentro do transporte da universidade?”, pensei. Querendo fazer alguma coisa para ajudar, peguei meu celular e perguntei o número do celular roubado. Após discar, a surpresa, o celular chamou. Um rapaz atendeu, perguntei duas vezes quem era que tava falando e ele desligou na minha cara.

Depois o local de destino da garota chegara. Saiu apressada e não falou mais comigo. Preferi acreditar que ela tinha ficado chateada com a situação e que por isso se esqueceu da educação.

O ônibus seguiu um pouco menos cheio, pois assim que uma multidão sai, outra entra. 

Seguiu para o Restaurante Universitário (RU), a fila tava imensa, fui para o final. Na minha frente, após duas pessoas, vejo algo suspeito. Quatro jovens verificando um celular, olhando o que tem e olhando para os lados e para trás o tempo todo, numa desconfiança só. Aí quem ficou desconfiado a partir daí fui eu. 

O olhar deles passou a ser direcionado para um garoto que estava logo atrás deles, falando ao celular. Pensei que seria a próxima vítima e que também  poderiam estar imaginando que aquele menino poderia ter feito a ligação, já que não passara nem três minutos quando liguei pro celular roubando tentando ajudar a menina.

Para piorar o momento, minha mãe liga. Atendo e fico falando com ela, com receio de minha voz ser reconhecida. A partir daí eles passaram a ficar olhando pra mim também, de cima abaixo, como eles estavam fazendo com as outras pessoas, pois meu celular fica no bolso da calça e fica marcado entre a pele e o tecido. Resolvi pegar o outro celular da outra operadora que fiz a ligação para um deles e decidi colocar no silencioso. Se eles retornassem a ligação para descobrir quem tinha feito aquilo primeiro e meu telefone tocar bem atrás deles não ia ficar nada bem. 

Estar de óculos escuro deu pra ver bastante todo tipo de olhar que eles dirigiam ser eu ser percebido. O garoto atrás deles realmente estava sendo engolido com os olhos. A fila não andava para aumentar a apreensão. 

Pensei em denunciar tudo com o segurança do estabelecimento, mas também daria muito na cara eu sair e logo depois acontecer algum tipo de abordagem, já que eu estava sendo olhado também.

Saí sim, não para fazer o que queria. Fui almoçar em outro lugar, por impaciência, pois eram quase 14h, e por medo também. Afinal, a covardia de ladrão pateta de classe média é andar em grupo e eu não ia dar conta de todos eles.

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