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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Abaixando a máquina: o ato que tem vários significados no jornalismo brasileiro


A cena de Santiago Andrade abaixando a máquina devagar até deixá-la no chão antes mesmo de cair em solo após ser atingido por uma bomba jogada na cabeça dele por um rapaz insano durante uma manifestação no Rio de Janeiro contra o aumento das passagens de ônibus da cidade na semana passada mostrou-se bem poética.

Imaginamos em situação normal que quando somos atingidos por algo, principalmente na cabeça, deixamos de nos importar com as adjacências ao redor devido, logicamente, pela gravidade do acontecimento.

Acontece que com Santiago Andrade, então repórter cinematográfico da Band, foi diferente. Antes de cair no chão, quem alcançou o solo primeiro foi a máquina. A ação nos leva a reflexão do campo jornalístico, tais como:

- o profissionalismo de Santiago, pois mesmo sendo atingido o repórter tentou não fazer movimento brusco com as mãos na câmera. Como repórter cinematográfico sabe como ninguem o que não se deve fazer para produzir um material de imagens com qualidade. Preferiu colocar a câmera no chão primeiro, devagar, para depois se entregar ao solo.

- a condição financeira no jornalismo no Brasil. Os profissionais da área convivem com longas jornadas de trabalho, exposição a violência e baixa remuneração. Ao colocar a câmera no chão de maneira lenta, percebeu-se precaução no ato. Comprar outro equipamento custaria uma fatia significativa de seu ordenado.

Nem todos teriam esse autocontrole, ainda mais numa situação tão desesperadora.

Santiago Andrade morreu hoje no início da tarde.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Curso de Jornalismo da UFRN é um dos melhores do Nordeste


A habilitação de Jornalismo do Curso de Comunicação Social recebeu quatro estrelas na avaliação anual de cursos superiores realizada pelo Guia do Estudante da Editora Abril. Repetindo o bom desempenho do ano anterior, o resultado indica que o curso do DECOM-UFRN é um dos melhores da região Nordeste.  A previsão é que a edição comece a circular no próximo mês nas bancas.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A importância da pauta no jornalismo


Normalmente para o senso comum, um assunto qualquer é sinônimo de pauta. Mas a pauta não é um assunto, muito menos qualquer assunto. Pauta é o conjunto desses, que podem ser abordados diversos temas dentro da referência solicitada. Para um tema virar uma pauta, deve obedecer aos critérios jornalísticos de noticiabilidade que mechem com o consciente e inconsciente do ator social como: poder, dinheiro, trabalho, religião, amor, morte, educação, etc. Já esses critérios são medidos por valores que são: intensidade, proximidade, conseqüências.

É importante saber, tanto o cidadão quanto o jornalista, que a pauta é selecionada, legalmente ou ilegalmente, para ser debatida de acordo com o interesse e linha editorial do jornal. Legalmente quando o conjunto de assuntos obedece às circunstâncias do verdadeiro interesse público, independente de posição político-ideológica. A seleção ilegal da pauta advém de troca de favores entre os que querem se promover e algum tipo de recebimento de benefício por parte do dono do jornal.

Para elaborar uma boa pauta, esta deve conter, genericamente: informações prévias, telefones dos entrevistados, questionamentos, sugestões de perguntas e descrição de ações e de ambientes para dar veracidade aos fatos. As perguntas devem ser direcionadas a uma fonte que tenha autoridade no assunto referido pela pauta, explorando o declaratório como forma de garantir a “isenção” do repórter frente a fonte, delegando dessa forma a responsabilidade dessa fonte ao que está sendo dito.

A pauta no jornalismo moderno veio para organizar a redação e facilitar o fechamento para que o jornal não perca o status de indústria que ganhou recentemente. A rotina dos meios de comunicação começa e termina com a pauta. Primeiro servindo de orientação para o repórter fazer a matéria e por fim para facilitar o trabalho da edição na organização das matérias feitas.

Muitas vezes as pautas são feitas dentro da redação, movimentando no sentido vertical, de cima para baixo, partindo do dono do jornal, diretoria, editor, chefe de reportagem até chegar ao repórter. Mas não é tão difícil a pauta vir de fora da redação. Na rua é possível identificar com os fatos um número expressivo de assuntos que podem virar pauta e isso vem sendo usado por alguns veículos de comunicação. Também ultimamente os veículos em suas diversas plataformas pedem aos seus expectadores que mandem sugestões de pauta, que muitas vezes rende matérias e que é fruto do enxugamento das redações que limita a ida de profissionais à rua.

Por fim, é interessante que pautas mais complexas de cumprir por vários motivos como por exemplo tragédias, mortes macabras de difícil solução, corrupção na política etc. sejam executadas por repórteres mais experientes que tenham um repertório mais apurado para conseguir extrair os pontos mais importantes dos fatos.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O menino Audálio

Por José Marques de Melo

Audálio Dantas ainda era menino quando deixou Tanque D’Arca, cidade encravada no agreste alagoano, para conquistar o mundo. O percurso Maceió-Santos ele fez num navio costeiro, munido de certidão atestando a maioridade. Esse artifício “legal” para transformar meninos em homens era tramado naturalmente pelas famílias nordestinas.

Encurtar o caminho dos filhos em direção ao mercado de trabalho justificava a alteração da data de nascimento, contando com a cumplicidade do tabelião amigo. Isso abriu as portas do jornalismo a vários repórteres imberbes, como aconteceu com Audálio.

Sua ascensão na carreira noticiosa foi lastreada por uma espécie de iniciativas que o guindaram à equipe da emblemática revista Realidade. Nos idos de 1960, o jovem repórter atravessou as fronteiras nacionais para contar histórias palpitantes do caldeirão político latino-americano. Mas foi na periferia de São Paulo que o intrépido alagoano farejou a reportagem consagradora. Ao contar a história da favelada que despistava a fome anotando num caderno suas amargas observações cotidianas, Audálio demonstrou sua maturidade profissional. 

Mas a fama não alterou a simplicidade do repórter, que venceu no jornalismo por méritos próprios. Tanto assim que os colegas de ofício o guindaram à liderança sindical, conduzindo-o ao topo da representação da categoria. De presidente do sindicato de São Paulo, chegou à presidência da federação nacional.
Ingressando na política, Audálio Dantas conquistou o mandato de deputado federal, atuando como porta-voz dos jornalistas durante a escritura da Constituição Cidadã (1988).

Missão cumprida em Brasília, recebeu, em São Paulo, convocação inusitada. Desafiado pelo governador do estado para dirigir a Imprensa Oficial de São Paulo, ele revelou competência como gestor público. 

Transformou uma gráfica áulica numa editora de referência. Onde, além do Diário Oficial, antes se publicava obras medíocres, escritas pelos cortesãos republicanos, passaram a figurar coleções de livros produzidos pelas instituições públicas geradoras de conhecimento e difusoras de cultura.

Esse legado foi preservado e aperfeiçoado pelos gestores que o sucederam. O selo Imesp adquiriu credibilidade e prestígio no circuito editorial do país. Por isso, constitui ato de justiça intelectual e reconhecimento público a escolha de Audálio Dantas como patrono da 5ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas.

Em outubro, retorna às origens o menino de Tanque D’Arca, que já biografou os meninos Graciliano e Lula, e agora narra a odisséia de Vladimir Herzog. Audálio volta a Alagoas para receber a homenagem da intelectualidade nacional e o carinho de seus conterrâneos.