sexta-feira, 6 de julho de 2012

Pelé foi oferecido ao Sport quando tinha 16 anos.Time rubro negro não quis



No dia 5 de novembro de 1957, o Sport cometeu o maior erro da sua história. Num desses lances que só acontecem uma vez na vida, o Leão teve a oportunidade de contar com o reforço de ninguém menos do que Pelé, oferecido pelo Santos ao então diretor José Rosemblit. Para infelicidade geral da torcida rubro-negra, o clube rejeitou a proposta. O argumento da época foi que o garoto, com 17 anos, era novo e desconhecido. Durante muitos anos esse fato foi questionado e estava fadado a entrar para a posteridade como mais uma lenda do futebol.
Mas agora, 42 anos depois, os incrédulos terão que se curvar às evidências. A reportagem do DIARIO teve acesso a um telegrama, que se julgava perdido ou inexistente, comprovando o oferecimento de Pelé ao rubro-negro pernambucano. A relíquia estava guardada a sete chaves pela família Menezes, a mesma de Ademir, artilheiro da Copa de 50.
Adamir, primo do Queixada, foi quem intermediou a negociação. Por isso, ele acabou ficando com o documento. "Papai era representante comercial e tinha muitos contatos com os clubes de São Paulo. Conversando com o presidente do Santos, ele pediu alguns reforços para o Sport. O telegrama foi a resposta a esse pedido", explica Ronald Menezes.
Com a morte de Adamir, a guarda do precioso telegrama ficou com sua esposa, dona Elza Menezes, e com os cinco filhos do casal, todos rubro-negros doentes, de carteirinha. "Nós sabíamos que, algum dia, iríamos dar esse documento histórico de presente ao Sport. Por isso, guardamos com tanto carinho", falou Adamir Júnior, o mais novo do clã dos Menezes.
Os Menezes guardaram o telegrama com tanto cuidado que a história quase cai no esquecimento. Segundo dona Elza, nem o próprio Pelé sabe da existência do documento. "Sempre quando vinha ao Recife, acompanhando a equipe do Santos, Pelé passava em nossa casa. Lembro que a rua ficava cheia. Mas eu nunca mostrei o telegrama a ele e acredito que meu marido também não".
Apesar da vontade da família em repassar o telegrama ao Sport, a oportunidade só surgiu por acaso,num churrasco, semana passada. Os irmãos Menezes encontraram o diretor de Futebol do clube, Fernando Lima. No meio da conversa surgiu o assunto. Fernando não perdeu tempo e confiscou o documento para o museu rubro-negro. "Vamos fazer uma grande homenagem a esta família para agradecer a doação", avisou o dirigente.
AZAR - Mais do que incompetência dos dirigentes rubro-negros da época, o desinteresse por Pelé parece ter sido pura falta de sorte. "Ninguém tem bola de cristal. Naquele tempo, o intercâmbio entre os clubes era muito pequeno. Não existia televisão transmitindo os jogos ao vivo como hoje. Ninguém poderia imaginar que um garoto desconhecido poderia se tornar o que se tornou", argumentou Rômulo Menezes.
Fernando Lima, que hoje é um dos responsáveis pelas contratações do Sport, também absolve Rosemblit e Adelmar Costa Carvalho, presidente do clube em 57, de qualquer culpa. "Eles não poderiam prever o futuro". Mas Modesto Roma, presidente do Santos na ocasião, já previa o potencial de Pelé. Tanto é que a negociação seria por empréstimo e por apenas quatro meses. A transação, do ponto de vista santista, era apenas para dar experiência ao atleta, que naquele momento era reserva de Pagão.

Junto com Pelé, e até com mais destaque, o Peixe também oferecia Ciro. Se na época do episódio ele era mais conhecido do que o Rei, passou para história apenas como coadjuvante. A reportagem do DIARIO passou os últimos quatro dias tentando localizá-lo e não encontrou nenhuma pista.
Enquanto Ciro mergulhava no anonimato, Pelé começava a ganhar projeção nacional. A convocação para a Seleção Brasileira não demorou e, sete meses depois, conquistava a Copa do Mundo. Estava iniciada a trajetória que o levaria ao título de Atleta do Século.
DESTINO - Mas será que a história seria a mesma se o Sport resolvesse ficar com o camisa 10 ? "Isso ninguém jamais vai saber", responde Romildo Menezes. Muito provavelmente, Pelé não seria convocado para a Seleção campeã mundial na Suécia. Talvez a Seleção nem fosse campeã. E se ele fosseconvocado, o Rei iria atuar ao lado de Vavá que, esse sim, jogou no rubro-negro pernambucano.
Agora, para o Sport as coisas poderiam mudar muito. Talvez o Leão fosse campeão estadual, acrescentando mais uma estrela as suas conquistas e, de quebra, tirando o título de supercampeão, em 57, do rival Santa Cruz. Chato seria para os torcedores dos times adversários terem que aguentar os rubro-negros se gabando do fato do Rei do Futebol já ter vestido o manto rubro-negro.

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