terça-feira, 5 de outubro de 2010

Legal:destemido e ousado

Graças a desempenho em vídeos, jovem conseguiu votos pela internet para acompanhar de perto a Copa da África

    Carismático, determinado e desenvolto. Esta última característica deu a Anderson Reis Barbosa, o Anderson “Legal”, como é conhecido, a confiança necessária para vencer o reallity-show do canal a cabo TV Esporte Interativo em parceria com os cartões Visa.

    A promoção deu o direito ao ganhador potiguar de ir para África do Sul durante a Copa do Mundo no meio desse ano. Para atingir o objetivo do concurso, teve de cumprir o regulamento que era composto de duas fases. A primeira, de caráter estadual, foi produzir um vídeo declarando amor ao seu clube do coração, que no caso de Anderson é o ABC. Na segunda etapa, de nível nacional, um reallity show de 40 dias no Rio de Janeiro.


    Na capital fluminense, os 10 participantes brigavam por duas vagas na África e passaram por algumas provas de resistência como segurar uma bola pelo maior tempo possível, armar um bandeirão com a marca da TV Esporte Interativo no estádio do Maracanã lotado durante um jogo da Copa Libertadores entre Flamengo e Universidad Católica do Chile, bater pênalti para goleiros profissionais e pintar muros com a temática do futebol.

    Como a maioria dos programas do tipo, o “Go Brasil”, tinha exibição diária dos acontecimentos e provas em que os participantes eram sujeitos, alem, é claro, da tradicional eliminação que acontecia todas as terças-feiras. Antes disso, o programa tinha o seu “paredão”, chamado de “Na geral”, remetendo a um lugar incômodo do estádio para se assistir um jogo de futebol. Mesmo passando três vezes pela “geral”, os apelos pela internet para que os internautas votassem a seu favor para ficar fez com que Anderson ganhasse o concurso e o direito de ir à África do Sul ao lado do piauiense Xavier, segundo colocado, com tudo pago.

    O êxito na empreitada rendeu a Anderson “Legal” um contrato temporário com a TV Esporte Interativo de duração até o final da Copa do Mundo. O mesmo acontecendo com o jornal Tribuna do Norte, que assim que soube do resultado do concurso quis contar com os serviços do rapaz na atualização de um blog, o “Copa Legal”, inserindo fotos, textos e vídeos. Apesar de estar trabalhando para dois veículos, o tipo de cobertura teve linguagem e abordagem diferentes. Enquanto na TV Esporte Interativo Anderson deveria apresentar as cidades sede com sua respectiva cultura local, na Tribuna do Norte teve mais liberdade. Fazia os bastidores dos jogos, visão do torcedor e a sua própria.


    Anderson diz que gostou de todas as cidades, mas a melhor foi Porto Elizabeth, por acreditar que se identificou com o lugar. “Porto Elizabeth é bem parecida com o que nós estamos acostumados aqui no Nordeste, é litorânea, às margens do Oceano Índico, cosmopolita e tem um clima de paquera. Estava tendo um campeonato de surf que foi muito massa, sem contar que tinha muita mulher disponível”, disse.

    Legal visitou ainda as cidades de Johanesburgo, Durban e Pretória. A experiência rendeu boas histórias, como levar uma mordida de um bebê leão e assistir a todos os jogos do Brasil e alguns como França x Uruguai, Argentina x México e Itália X Gana, além de outros. Sobre as torcidas, Legal faz uma observação: “a torcida brasileira não é a mais fanática, passa longe. Os brasileiros que vão à Copa do Mundo são geralmente da elite, são empresários, pesquisadores e outros postos mais elevados. O fanatismo do nosso torcedor está no povão que vai aos jogos nos estádios brasileiros”, disse. As torcidas que o impressionaram foram da Argentina e da Holanda. “Os argentinos não paravam de cantar e os holandeses são muito calorosos, o que para mim os tornou imbatíveis nesse quesito.


    Sobre os pontos positivos e negativos do país que sediou a copa, Legal destacou alguns. Primeiro identificou o quanto o povo africano é hospitaleiro e alegre, principalmente se estiver acompanhado de música, sem contar que adoram os brasileiros. Estes eram o tempo todo presenteados com camisas, chaveiros e a maior de todas as gentilezas era colocar os brasileiros em camarotes VIPs de acesso restrito e até na concentração da seleção canarinha. Em troca, os africanos que receberam uma camisa da nossa seleção, ficaram eternamente gratos pelo presente, como se fosse o maior que podiam receber. Já o lado negativo de sua estada na África do Sul se deu com o transporte público. “Não tem linhas de ônibus como conhecemos no Brasil e metrô muito menos. A locomoção se dá em vans precárias e quem quiser ter uma rápida e confortável trajetória dentro da área urbana teria que andar de táxi, o que se torna pouco viável pelo preço absurdo que é uma corrida”. Outro problema encontrado foi a infra estrutura para internet. Não tinha muito ponto para rede sem-fio, cada um tinha que ter o seu modem, que comprando lá também era muito caro. “Internet era artigo de luxo”, disse.

    Também tiveram casos que não chegavam a ser problema, mas sim questão de adaptação. Por exemplo, com a comida. Tinha Mcdonalds em pontos isolados, mas era servido nos restaurantes a culinária local, de pratos como zebra, veado, mamute e babuíno. E por falar em animais, eles eram criados soltos em safáris e os visitantes que eram os aprisionados, caracterizando o processo inverso dos zoológicos tradicionais para que as criaturas vivessem livremente em seus hábitats naturais.

    Outra recomendação foi de tomar cuidado com os bairros pobres, como Soweto, em Johanesburgo, já que ao redor do local havia notícias de assaltos e roubos. Sem falar em perda de objetos pessoais e de trabalho da imprensa dentro até dos hotéis. “Muitos foram furtados, ouvi alguns casos conhecidos, mas não aconteceu nada com o pessoal da TV Esporte Interativo”, disse Legal. E para completar a adaptação a língua. Anderson Legal é professor de inglês no CNA e no Sesi, o que facilitou bastante a sua vida.

    Seu balanço geral da Copa foi positivo, a viu como exemplo de organização e modernidade. Aos que não puderam ir aos jogos por falta de ingressos ou simplesmente por não poder pagá-los, já que eram freqüentados basicamente pela classe-média, participavam das fun-fests organizadas em praças públicas com telões que apresentavam os jogos e shows culturais em seu intervalos. “Me impressionei com a África do Sul, são coisas de primeiro mundo, riqueza de cultura e tecnologia, o Brasil é muito atrasado e se pelo menos conseguir igualar o que foi a Copa de 2010 em 2014 já será um grande feito. Dou nota 8,5”.

    Anderson Legal agora espera deslanchar na carreira, mas vê muita dificuldade profissional, principalmente se tratando do estado do Rio Grande do Norte. “Infelizmente ter o sobrenome de algumas famílias tradicionais pesa para atuar na área. Para você ver, sou pai solteiro e ganho grana das minhas aulas de inglês, mas a comunicação é mesmo do que gosto”, disse Legal que já passou pela TV Natal, hoje TV União, fazendo reportagem para o Carnatal. Já fez reportagens de eventos no estado pela mesma TV União, e recentemente fez um jogo como repórter de campo pelo Campeonato do Nordeste pela TV Esporte Interativo.

    O objetivo mais próximo de Legal é a Copa 2014. “Natal vai ser uma das sedes e se a TVEI quiser alguma coisa por aqui, estou a disposição. Eles já me conhecem”, disse.

    Anderson é formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Potiguar (UnP) e atualmente está no 2ª período de Comunicação Social-Rádio e TV na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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