domingo, 16 de maio de 2010

I Encontro de História da Mídia do Nordeste: História, Imprensa e Literatura – um “novo Jornalismo” no Brasil da Primeira República

    Nada melhor do que falar de História da Mídia com um especialista em História. O carioca Denílson Botelho é graduado em História e está fazendo seu Doutorado ligado a mídia na Universidade Federal do Piauí (UFPI). O interesse em mídia é permanente desde que fez o seu primeiro vestibular para Jornalismo, apenas depois decidiu fazer a graduação em que se formou.


    O tema do seu Doutorado partiu de uma inquietação de muito tempo no conjunto de notícias que causa a sensação de mesmice. A explicação está no modelo fixo do lead (o que, quem, onde, como, quando e porque) de se fazer as matérias. Atrás do lead, para Botelho, está a confirmação de uma construção da realidade e combate ideológico das grandes emissoras. Botelho trouxe um trecho de um artigo do Jornal O Globo em que Ali Kamel, produtor do Jornal Nacional, disse que jornalistas deveriam ser treinados, sem deixar sua intenção de doutriná-los. Isso dá razão a questão do diploma e de alguns malucos que defendem que jornalismo teria de virar curso técnico de escrita, sem levar em consideração a formação leitora e questionadora do bom jornalismo. Nada mais ideológico a serviço de uma construção da realidade por alguns poucos agentes uniformizadores de mentes. Formação cega e acrítica é tudo que desejam.


    Para solucionar a questão, Botelho quis mostrar o exemplo de como se fazia jornalismo no início da Primeira República (final do séc. XIX) e indicando que, dessa forma, é que deveria se fazer jornalismo hoje. Nessa época, se praticava o modelo do New Journalism, que mistura Jornalismo e Literatura, numa narrativa instigante fora dos padrões que conhecemos. Para Botelho, no tempo em que o jornalista e escritor Lima Barreto fazia seus textos, se trazia informação, comprometimento na checagem e investigação, realizando o texto profundo comprometido com o interesse público.

    O texto que conta uma boa história bem construída e que é capaz de envolver e informar ao mesmo tempo, vislumbra Botelho para acabar com a chatice das notícias. O texto padronizado da grande imprensa nada mais é que um modelo imposto e, para isso, um “novo jornalismo” com a finalidade de arrumar isso, não só como modelo-forma, mas principalmente na mudança ideológica contra a uniformização de mentes.

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