sexta-feira, 19 de março de 2010

A TV em Xangai – O que um modelo de governo dúbio é capaz de fazer

    Se a China é um país dos mais populosos do mundo, imaginemos então que a audiência na TV é garantida para qualquer canal em funcionamento. Mas não é bem assim. Com um vasto território, a população chinesa é, em sua maioria, pobre, agrária e não possui meios para usar tecnologia. Apenas nos grandes centros como Xangai a televisão chegou com força, identificando não só desenvolvimento representado por um aparelho de TV, mas principalmente pelo teor de seu conteúdo, que contem jovens ávidos por sucesso pessoal e profissional, reality-shows sobre moda e programas sobre finanças como os mais vistos.



    Com uma maior abertura política, alguns pontos da China se entregaram inteiramente ao Capitalismo. Foi o caso de Xangai. É fácil de identificar toda uma importação da cultura ligada ao capital. Finanças, moda, música pop e vestuário são alguns exemplos do que é possível encontrar na maior cidade chinesa. Tudo isso é mais acentuado ainda se tiver uma mediação. É o que a TV faz. As comunicações em Xangai também fazem parte da lógica capitalista e propagandeia todo seu ideal por meio de seus programas, mas sem ferir a tradição chinesa. Como assim?


    A mídia em Xangai faz com que moda feita por griffs estrangeiras, por exemplo, seja a grande paixão dos jovens. As pessoas passam a querer se produzir como as estrelas dos reallity-shows. Nestes últimos, a presença de top models é constante. O empresariado, por sua vez, é apresentado como herói para o povo, o responsável pelo progresso social e do modo de vida chinês. Parecendo isso papo de americano, a contradição em Xangai é esta: evoluir nas idéias sem largar o patriotismo, igual faz os americanos. Os chineses são patriotas e não admitem ser derrotados. Para exemplificar isso, um comercial foi tirado do ar da TV de Xangai porque um americano derrubou um chinês numa luta.

    Mas as contradições não param por aí. Os canais de TV em Xangai tem a licença de serem ditos públicos e atingirem todas as classes sociais, assim como no Brasil, mas não representam o povo na sua plenitude. O povo é mostrado quando exposto a miséria em que vive ou crimes e delitos, nunca como uma classe média pode chegar a viver bem, apenas mostra pronto o sucesso pessoal e profissional do indivíduo.

    O Fortune Time é um dos programas de mais sucesso em Xangai. Ele é todo feito na discussão dos empresários de sucesso. China One é outro programa sobre finanças bem assistido; esse último promovido em Harvad por especialistas chineses na área, influenciando no comportamento da população no tratar com o dinheiro.

    Para mim, a contradição maior está nos horários reservados aos telejornais. Isso porque eles retratam opiniões do partido do governo, o Partido Comunista Chinês (PCC), mas nos intervalos as propagandas capitalistas tomam conta dos canais. A publicidade é o que move os canais de TV, uma espécie de educação para um modo de vida chinês, num país comunista que tem seu sistema de radiodifusão público.

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