domingo, 28 de março de 2010

A TV na Argélia – muitos canais, tradições religiosas e crise existencial

    Após a abertura política, a Argélia entrou de vez para o capitalismo. Isso pode ser visto não só por causa de propagandas de produtos multinacionais na única TV genuína do país, mas por causa da própria TV. Os canais que tem sinal na Argélia são, exceto um, todos estrangeiros e de simplesmente, todos os países. É uma diversidade de 800 canais que vai de MTV a canais árabes.


    Com esses canais, as propagandas de seus países de origem vêm juntas. A economia de mercado influencia diretamente na publicidade. A duração dos comerciais entre um programa e outro é enorme. São produtos de supermercado, telefonia móvel e outros, aproveitando o momento de expansão da economia argelina.

    A única TV do país, estatal, transmite programas de auditório ligado a tradição das pessoas do país, por exemplo religião e alguns outros costumes, este quase sempre ligados aquele. Existe no canal, um programa do tipo Silvio Santos em que são feitas perguntas que se respondidas certas, haverá premiação em dinheiro e bens duráveis, só que essas perguntas são adaptadas a proximidade com os argelinos, em outras palavras, é um game sobre religião. Já o programa Laf Hama, exibe de forma caricatural e comediante personagens que estão na mídia internacional falando com sotaque argelino; por exemplo atores de Hollywood e boys band americana cantando com sotaque arrastado argelino, logicamente representados por atores locais. Enfim, o único canal da Argélia representa o país e suas expressões, contrapondo a invasão estrangeira televisiva, representa sua sociedade e valoriza a família, princípios do país e sua religião oficial e predominante, o islamismo.

    O choque da programação local e estrangeira é um grande problema na Argélia. A economia liberal existe mas não chegou na programação audiovisual do país, tanto que só existe uma única TV em que a população se vê. Onde a população se vê porque há um choque cultural local com o um internacional. Sabe-se, por exemplo, que um casal argelino não pode ficar a sós em um ambiente,o que é totalmente o contrário do que esses mesmos vêem na programação liberal da cultura de alguns outros países. O controle estatal é contestado por muita gente, sob o argumento que existe um monopólio e é preciso abertura.

    Os argelinos estão fascinados pela TV, em ter contato com culturas diferentes, tanto que o vício extremado gera declarações do tipo que se o sinal de algum canal for cortado o motivo seria castigo de Deus. Eles estão mudando, a língua falada tá mudando, o mundo está mudando, mas sem esquecer do que são.

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