sábado, 21 de maio de 2011

Mídia foi responsável pelo sucesso de campanha contra preços altos dos combustíveis


Várias pessoas concordam que o natalense não se mobiliza para as causas mais sociais. É difícil ver um tipo de engajamento em que grupos se reúnam para protestar ou celebrar algo. A falta de autonomia nas idéias e de atitude faz com que as ações se dêem na forma do “quem começar eu vou atrás”, ou simplesmente o termo mais conhecido de “Maria vai com as outras”, seja por causa de timidez ou covardia mesmo. Quando o movimento “Combustível mais barato já” deu certo, motivos de desconfiança não faltaram para analisar o êxito da campanha.

O movimento “Combustível mais barato já” surgiu no microblog Twitter com a indignação de uma cidadã sobre os preços dos combustíveis em Natal. Como realmente o preço, causado pelo cartel dos postos, estava acima da média, a campanha na rede social ganhava força. Mas faltava força para ganhar as ruas, era necessário uma mobilização efetiva. 

Tal transição do mundo virtual para o real só foi possível graças a imprensa local. Bastante incomodada com a situação, a mídia bateu o quando pôde na maracutaia que envolve os donos de postos, realizando de forma correta o papel que lhe cabe. Mas porque que quando teve protestos nas ruas dos estudantes e de outros populares sobre o aumento das passagens de ônibus não bateram no empresariado e no governo? Porque que a tarifa dos ônibus não baixou de valor mesmo com protestos?

Tudo isso não deu certo simplesmente porque a mídia não cobriu de forma incessante como no caso dos postos, não se sentiu incomodada com o valor do transporte público porque a não afetou diretamente. Os jornalistas que ocupam cargos de chefia nos jornais e os donos dos veículos de comunicação não andam de ônibus. Quando se viram ameaçados e porque viram seus bolsos sendo atacados resolveram gritar. Era matéria de capa todos os dias, ampla cobertura, transcrições das opiniões de autoridades e de motoristas. A pressão foi grande!

A classe média egoísta foi na onda e num instante soube fazer mobilização boicotando os postos Petrobrás, que eram os mais caros, com o litro da gasolina chegando a três reais. Houve até paralisação nas ruas, protesto mesmo, buzinaço, gritaria. Logo a classe média que não gosta dessas coisas hein, que coisa. Só foi mexer no bolso. Uma colega de faculdade, por exemplo, tinha nojo daqueles malucos das Ciências Sociais que ficavam distribuindo panfletos no Campus a favor ou contra de alguma coisa, cabendo-nos apenas a escolha democrática que nos é de direito de apoiar ou não. Pois é, essa mesma colega outro dia estava distribuindo panfletos, nos persuadindo para aderir a campanha “Combustível mais barato já”.
Hoje, os combustíveis estão mais baratos graças ao sucesso do “movimento” e esse mesmo grupo responsável sumiu dos holofotes, porém voltando a ser intransigente com que faz movimentos como esse nas ruas. Buzinas que lhes digam.

Como é fácil de perceber, alguns tipos de mobilização se forjam de prestação de bem comum, apesar de envolver muita gente contra o abuso dos donos de postos de gasolina. Mas, tal ação se restringe a apenas a um grupo e não a maioria. A união no caso referido se deu por interesses individuais de alguns, o que é totalmente diferente do favorecimento a coletividade.

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