quarta-feira, 15 de junho de 2011

Psicopata: o doente do século 21 - Caso Alcides




Por Arnaldo Jabor
Em Recife, felizmente, foi condenado uma rapaz que tinha matado o pobre Alcides Nascimento, que era um menino de origem humilde, mas um prodígio de estudante esforçado e que estava se formando em Biomedicina. 

Mata-se por amor, mata-se por ideologias, mata-se por Alah. Mas no Brasil surgiu um novo tipo de assassino: aquele que mata sem motivo. Os novos assassinos são produzidos por nossa cultura violenta, com competição brutal, com homens perdidos num cotidiano incompreensível. A compaixão hoje é vista como perda de tempo ou de lucro.

O psicopata é o doente do século 21, ele não sente culpa, não há o outro para ele, só ele existe em sua total solidão. O psicopata rico está em toda parte, em bares, em bancos, em cargos políticos altos. Ele mata ou engana para vencer na vida. Já o psicopata pobre mata nas vítimas o próprio destino vazio, perdido no nada do país, cercado de morte por todos os lados, no noticiário, nas imagens de massacres...ele mata para preencher este nada. 

O assassinato é um ato excitante traz a sensação de algo ter acontecido. Esse criminoso já tinha matado por causa de uma camisa no carnaval do Recife, foi preso e nossa doce justiça deu-lhe regime semi-aberto. Ele fugiu, claro, para matar esse pobre menino. A lei penal é arcaica porque o crime é mutante, livre e a justiça é aprisionada em códigos lentos e velhos. Essa tragédia aconteceu porque o assassino não achou quem ele ia matar e disse: “vou deixar alguém estirado aí no chão, o primeiro que aparecer para não perder a viagem”.

Que tal?

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