terça-feira, 12 de abril de 2011

Comunicação, campo em movimento


Por José Marques de Melo
Até os anos 1960 inexistia no Brasil o campo acadêmico da comunicação. Eram fortes os espaços corporativos do jornalismo, publicidade, cinematografia, aos quais se agregavam as nascentes profissões de relações públicas, radialista e produtor editorial.

Induzindo foraneamente, o campo comunicacional prosperou, sob a égide da diplomacia difusionista (traduzindo obras clássicas:Berlo, Hayakawa, Schramm) e do catolicisto aggiornatoo crente no potencial evangélico dos meios de comunicação social).

O golpe militar de 1964 introduz variáveis conjunturais,que, a médio prazo, se convertem em óbices, sem contudo inibir o florescimento inicial do campo nas universidades. Tanto assim que, acompanhando a Universidade de Brasília, pioneira na criação de uma faculdade de comunicação de massas, a PUC gaúcha transformou seu primitivo curso de jornalismo em faculdade de comunicação social. A USP inovou, fundando uma escola de comunicações culturais, onde as profissões midiáticas (jornalismo, Rádio e TV, relações públicas) dialogam com os segmentos da natureza artística (teatro e cinema) ou informacional (biblioteconomia e documentação).

Nesse cenário, dois personagens desempenham papel-chave: Luiz Beltrão e Danton Jobim. Beltrão inaugurou na cidade do Recife (1961) um curso de jornalismo acoplado a um instituto de ciências da informação, onde germina a pesquisa comunicacional brasileira. Jobim catalisou, na cidade do Rio de Janeiro (1971), os avanços até logrados, promovendo o 1º Congresso Nacional de Comunicação para estreitar as relações entre universidade, mercado e sociedade. Mio século depois, tais iniciativas inspiram projetos arrojados, denotando a maturidade do campo.

O mais importante é o lançamento da trilogia “Panorama Brasileiro da Comunicação e das Telecomunicações” (2010). Fotografia instantânea do progresso do nosso campo e fruto da ação cooperativa do Estado e da sociedade civil, esse anuário foi publicado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) em parceria com a Federação Brasileira das Sociedades Científicas e Acadêmicas da Comunicação (Socicom).

Seus resultados serão amplamente disseminados e debatidos durante os eventos programados para 2011.

No âmbito nacional, a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) se prepara para realizar uma espécie de glasnost acadêmica, reunindo lideranças da pesquisa teórica e da aplicada, em cinco congressos regionais (Londrina, São Paulo, Cuiabá, Maceió e Rio Branco), culminando com o congresso nacional (Recife).

No plano global, a Socicom realiza em São Paulo (agosto) o 1º Congresso Mundial de Comunicação Ibero-Americana, buscando estratégias para evitar que a hegemonia anglófona na comunidade internacional da área se converta em “pensamento único”.

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