quinta-feira, 21 de abril de 2011

Jornal do futuro só com Repórter apurando fatos,o resto é falácia



No início da noite do dia 26 de novembro do ano passado apenas se sabia que estava tendo tiroteio no Morro do Adeus, uma das favelas do Complexo do Alemão no Rio de Janeiro. Somente a polícia conseguia adentrar no morro e a imprensa ficava querendo saber detalhes da operação especial de combate ao tráfico.

A medida que os traficantes eram mortos ou capturados, a imprensa entrava na guerra aos poucos com suas armas (Câmeras fotográficas e filmadoras, microfones, gravadores...). Mas antes, só quem estava lá dentro conseguia passar informações. Rene Silva, 17 anos, morador do Complexo do Alemão e criador do jornal Voz da Comunidade, dava tuitadas informando quando a polícia descia ou subia, quando o tiroteio começava ou terminava e até depoimentos de moradores. Não aparentando defesa de uma ou outra parte envolvida no conflito direto, mas a favor do povo com dicas de como se proteger.

Em razão do ineditismo das informações sobre o caso em que nenhum jornal ou TV tinha acesso, Rene Silva passou a ser um porta voz do acontecimento. Passou a ser seguido por pessoas comuns e por meios de comunicação, que retuitavam ou transmitiam na íntegra o que o garoto digitava no Twitter. Hoje a página oficial no microblog conta com 52.180 seguidores.

Além do Twitter, o Voz da Comunidade é composto por um jornal impresso, e uma site na internet. A estrutura conta com computador e notebooks para acompanhar as notícias em tempo real. Para dar conta das pautas, Rene conta com colabores. São eles: Gabriela Santos (13), Jackson Alves (13) e Renato Moura (15). Cada um é responsável por uma área no jornal. Um faz fotos, outro faz a parte de esportes, outro entretenimento, tecnologia...

A fonte de renda do Voz da Comunidade vem de anúncios como o Banco Santander, a telefonia TIM e o Grupo AfroReggae. Com a grana dá para pagar a impressão do jornal e os três colaboradores.

Início e decisão de carreira


Rene Silva começou com o Voz da Comunidade aos 11 anos, quando o serviço era feito para os alunos de uma escola em que ele estudava. A professora apoiou e o projeto foi crescendo. A tiragem que no início era de cem exemplares passou para 5 mil em poucos meses. Um ano depois foi que o garoto percebeu que gostava do que estava fazendo e decidiu até a profissão que quer seguir. “Gostava do que estava fazendo, daquele trabalho jornalístico mesmo. Foi ali que parei e pensei: ‘Pronto!Vou ser jornalista’”, disse.

Início e futuro

No início, a família não apoiou muito, reclamavam que ele chegava tarde, mas depois conseguiram ver que era isso que o garoto queria, que era o futuro dele. Rene tem planos mesmo de seguir com a profissão, recebeu uma bolsa integral da Universidade Estácio de Sá e começa seus estudos em 2013, assim que terminar o ensino médio.

Planos


Depois que entrar para a faculdade, Rene Silva não pretende abandonar o Voz da Comunidade, muito pelo contrário. Segundo ele, a idéia é de não ficar apenas no Morro do Adeus onde é feito, mas de expandir para todo o Complexo do Alemão e mostrar às crianças que há outros caminhos a serem seguidos que não sejam do tráfico e da violência.

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