segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O maior obstáculo para Ronaldo foi ele mesmo


Ronaldo se aposenta de maneira não tão brilhante como foi o início e boa parte de sua carreira. Mas, pelo menos, foi sincero ao dizer o motivo. A cabeça até que quer jogar, é pensante, é diferenciada para os dribles desconcertantes nos adversários, mas o corpo não quer ajuda mais. Ronaldo está acima do peso , não agüenta mais as dores e vai parar de jogar aos 34 anos. De uma coisa sabemos, a vida dele foi bem intensa, para o bem e para o mal.

Trajetória

Assim como Pelé, Ronaldo jogou sua primeira Copa do Mundo aos 17 anos. É o maior artilheiro da história dessa competição (15 gols em quatro participações, sendo campeão em duas). Foi para Europa muito cedo, jogou pouco no Brasil. Foi para o PSV da Holanda, depois para o Barcelona da Espanha, onde ganhou o apelido de “Fenômeno”. Jogando por esse mesmo clube foi eleito pela entidade máxima do futebol mundial o melhor jogador do mundo por duas vezes seguidas, em 1996 e 1997. O desempenho o fez assinar um contrato vitalício com a empresa de vestuário esportivo Nike.

Na final da Copa do Mundo de 1998 na França, contra a seleção da casa, Ronaldo teve uma convulsão antes da partida, vomitou, tremeu, ficou pálido, mas mesmo assim foi para a partida. O resultado não poderia ter sido outro, o fenômeno jogou mal e o Brasil perdeu a chance de ser penta, a França goleou por 3 a 0.

O joelho

Depois foi jogar na Itália, na Internazionale de Milão, numa transação milionária digna de quem já tinha sido duas vezes o melhor do mundo. Foi recebido com festa, jogava bem, fazia gols. Mas foi ali que a carreira dele começou a declinar, não porque ele queria. Numa jogada em que foi passar por um jogador, caiu com a mão no joelho, a expressão dele era de dor. O detalhe da jogada foi mostrado várias vezes, foi uma cena feia, um osso pulou do joelho de Ronaldo. Cirurgia, tratamentos, fisioterapia...era uma rotina terrível para quem gostava de bola. Foram dois anos assim.

A redenção

Veio a Copa de 2002, o técnico Luiz Felipe Scolari não chama Romário que estava jogando bem, mas chama Ronaldo que era incógnita. Todos caíram em cima do técnico, o criticaram, muitos jornalistas esportivos fizeram campanha para levar o baixinho e alguns não acreditavam num bom retorno de Ronaldo, diziam que ele jamais seria o mesmo. Ronaldo não queria mostrar nada a ninguém se não a ele mesmo, não só foi uma boa volta, foi espetacular. Ronaldo foi artilheiro na ocasião com oito gols, deu a volta por cima, fez dois na final contra Alemanha, foi eleito o melhor da Copa e mais uma vez eleito o melhor jogador do mundo. Depois da reviravolta lutadora, Ronaldo virou garoto propaganda do governo Federal com o slogan: “Sou brasileiro e não desisto nunca”, fazendo comparação da sua força de vontade com a de todos os brasileiros trabalhadores
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Novamente em alta, Ronaldo foi parar no maior rival do Barcelona, o Real Madrid. Lá foi formado um time que foi chamado de “Galáticos”, pelas estrelas do futebol mundial que foram contratadas. Ronaldo jogou ao lado de jogares como Zidane, Figo, Beckham e Roberto Carlos em boa fase. Mas o time não rendeu o esperado apesar de Ronaldo fazer gols.Ronaldo não foi tão brilhante o quanto se esperava dele.

Vida desregrada atrapalhou

Ronaldo machuca o outro joelho dessa vez. Outra cirurgia, outro sofrimento. Retorna e vai jogar no Milan, desmotivado, deixou a careca de lado, jogava mal. O bom moço foi se mostrando um bad-boy. Depois de se divorciar da aparente boa mulher Milene Domingues, Ronaldo casou-se com a modelo Daniela Cicarelli (aquela mesmo do vídeo na praia) num castelo, o relacionamento durou apenas um mês. Só se via Ronaldo bebendo e fumando em festas, em iates com mulheres. Engordou muito, o desempenho em campo não era mais o mesmo. Mas o pior da carreira dele foi uma saída com um travesti para um motel, confusão, agressão que foi notícia migrada da página de esportes para a policial.

A volta que quase deu certo

Para ter motivação precisava voltar ao Brasil, onde ele fez poucas partidas na carreira. Precisava voltar a ser ídolo. Declarou amor ao Flamengo, dizendo que era desde pequeno, mas não foi jogar lá. Foi para o Corinthians. Revoltaram-se uns e orgulharam-se outros. Ronaldo disse que o coração dele a partir dali era corintiano. Foi recebido com festa. Fez gol na estréia, virou ídolo rapidinho. Ganhou dois títulos (Campeonato Paulista e Copa do Brasil), apesar de não ter recuperado a forma física. Jogava irregularmente, só vivia com dores no corpo, não agüentava o treino físico. Não fazia gol desde outubro do ano passado, era criticado todos os dias. Até que a gota d’água foi a eliminação na pré-Libertadores da América. Ronaldo foi xingado como se tivesse sido o culpado por tudo. Ronaldo não agüentou a pressão de uma torcida brasileira apaixonada por futebol, nunca tinha sentido isso na vida. Então foi isso que o abalou, a incapacidade de jogar e as humilhações morais, que para um craque que tanto já fez deve ser muito duro.

Ronaldo se aposenta por não conseguir dar mobilidade ao corpo, não domina mais a bola, a barriga não deixa, corre com dificuldade. Ele quer, mas o guerreiro dessa vez se rendeu, a gordura e a desmotivação foram mais adversárias que o joelho e o total de oito cirurgias pelo corpo. Não vamos ser tão duros para lembrar apenas os maus momentos, devemos pegar o exemplo da persistência de Ronaldo, as coisas boas e os momentos dentro do campo. Obrigado Fenômeno.

Títulos: 

Cruzeiro:Copa do Brasil: 1993;Campeonato Mineiro: 1994
PSV Eindhoven:Copa dos Países Baixos: 1996
Barcelona:Supercopa da Espanha: 1996;Copa da Espanha: 1997;Recopa Europeia: 1997
Internazionale:Copa da UEFA: 1998
Real Madrid:Copa Intercontinental: 2002;Campeonato Espanhol: 2003, 2007;Supercopa da Espanha: 2003
Corinthians:Campeonato Paulista: 2009;Copa do Brasil: 2009
Seleção Brasileira:Copa do Mundo da FIFA: 1994 e 2002;Copa América: 1997 e 1999;Copa das Confederações: 1997;Olimpíadas: Medalha de bronze em 1996

Prêmios individuais

Melhor jogador do mundo pela FIFA em 1996, 1997 e 2002
Segundo melhor jogador do mundo pela FIFA em 1998
Terceiro melhor jogador do mundo pela FIFA em 2003
Chuteira de ouro em 1997
Melhor jogador da Europa pela revista Onze de Oro em 1997 e 2002
Melhor jogador na final do Mundial Interclubes em 2002
Melhor jogador do mundo pela revista World Soccer em 1996, 1997 e 2002
Troféu Bravo em 1997 e 1998
Bola de ouro pela revista France Football em 1997 e 2002
Melhor jogador da Copa do Mundo pela FIFA em 1998
GoldenFoot em 2006
Melhor jogador do Campeonato Paulista em 2009
Brasileiro do Ano, pela Revista Isto É: 2009

Artilharias

Supercopa Libertadores de 1993 (12 gols)
Campeonato Mineiro de 1994 (23 gols)
Campeonato Neerlandês de 1994/95 (30 gols)
Campeonato Espanhol de 1996/97 (34 gols)
Copa América de 1999 (5 gols)
Copa do Mundo de 2002 (8 gols)
Campeonato Espanhol de 2003/04 (25 gols)
Maior artilheiro da história das Copas do Mundo (15 gols em 4 edições): 1994 (não jogou), 1998 (4 gols), 2002 (8 gols) e 2006 (3 gols)

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